Trabalhadores da cervejaria Galiza manifestaram-se à porta do estabelecimento, no Porto, para exigir “a rápida decisão do tribunal”, após o senhorio recusar pagar 250 mil euros, e garantindo que estão “prontos para trabalhar”.
“Queremos que a cervejaria reabra e seja entregue à pessoa que ofereceu uma proposta razoável para ficar com o estabelecimento. Não queremos que seja entregue ao senhorio, que quer ficar com isto a custo zero e sem o pessoal”, afirmou António Matos Lopes, um dos trabalhadores da histórica cervejaria do Porto.
“Queremos trabalhar” e “Queremos os nossos direitos” foram alguns dos apelos dos mais de 10 trabalhadores que se reuniram esta quinta-feira à porta do restaurante numa ação de protesto para “denunciar a manobra do senhorio”.
A 22 de março, o Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia ditou o encerramento da cervejaria Galiza após o senhorio ter acionado o direito de preferência que lhe foi concedido pelo administrador de insolvência.
Dias mais tarde, o senhorio viria a recusar pagar os 250 mil euros definidos pelo tribunal, argumentando que só assinaria a transmissão do estabelecimento se esta fosse gratuita.
No início de novembro de 2019, os trabalhadores foram surpreendidos com uma tentativa de encerramento coercivo das instalações pela gestora da empresa, acabando por se organizar e, até julho de 2020, assegurar a gestão diária do espaço.
“A pandemia é que nos fechou a porta. Chegamos a um ponto em que não havia solução, não tínhamos apoio do Governo, não tínhamos direito ao ‘lay-off’ por dívidas ao Estado. Não havia outra situação se não fechar a porta”, afirmou António Matos Lopes, funcionário na cervejaria há 38 anos.
Dentro do restaurante permanecem as mesas, as arcas frigoríficas, os fogões e todo o material necessário para “pôr a casa novamente a funcionar”, acrescentou Luis Barbosa, funcionário há 37 anos na cervejaria.
Os trabalhadores pretendem agora a “rápida decisão do tribunal”, bem como regressar ao local de trabalho.