Diz o ditado popular que de Espanha nem bom vento, nem bom casamento. Mas, na verdade, o crescimento económico do país vizinho tem contribuído para puxar pela economia portuguesa. Agora, quando se prevê um abrandamento da economia espanhola, há razões para temer o pior, sendo este cenário “um dos maiores riscos para a economia nacional”.
“De Espanha nem bom vento, nem bom crescimento”. A adaptação do ditado popular é feita pelo Expresso num artigo de análise onde vários especialistas económicos consideram que as previsões de abrandamento para a economia espanhola, em 2020 e 2021, podem ter efeitos negativos na economia portuguesa.
“Desde a adesão ao Euro, Portugal tem crescido mais quando Espanha cresce acima do ritmo português, funcionando como verdadeira locomotiva para a economia nacional”, afiança o Expresso, alertando que as previsões da Comissão Europeia para este ano e para o próximo “apontam para uma trajectória de desaceleração de 1,5% para 1,4% no crescimento anual em Espanha”, em comparação com 1,9% em 2019. Para Portugal os números avançados são de 2% em 2019, de 1,7% este ano e em 2021.
“Em Espanha, o crescimento em 2020 poderá desacelerar para 1,7%, o que, conjugado com a desaceleração na Zona Euro para 1%, terá repercussões em Portugal“, analisa o economista-chefe do banco espanhol Santander em Portugal, Rui António Constantino, em declarações ao Expresso. Constantino admite que o abrandamento da economia portuguesa pode situar-se entre 1,2% e 1,4%, num cenário bem mais pessimista do que o que foi avançado por Centeno que inscreveu no Orçamento do Estado para 2020 uma previsão de crescimento de 1,9% em 2020.
“Uma das razões para Portugal ter tido nos últimos anos um crescimento acima da média europeia foi o bom desempenho da economia espanhola, que tem puxado pela economia portuguesa”, constata também ao Expresso a economista-chefe do Millennium BCP, José Maria Brandão de Brito.
Os maus ventos que sopram de Espanha trazem “algum risco de contágio” segundo a economista-chefe do BPI, Paula Carvalho, que ao Expresso lembra que “Espanha é o principal destino de exportação de bens e tem sido o maior contribuinte para o crescimento do turismo” de Portugal. Desta forma, “um arrefecimento superior ao previsto é um risco a considerar”, alerta.