Um estudo recente do Banco de Portugal revelou que as empresas mais antigas e aquelas com maior volume de exportações são as principais beneficiárias do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A pesquisa, divulgada esta quinta-feira, enfatiza que as indústrias transformadoras, atividades de consultoria e setores financeiros foram os que mais receberam apoio financeiro.
O relatório mostra que as empresas beneficiárias do PRR possuem uma idade média e mediana superior à média das empresas não financeiras em Portugal. Especificamente, as beneficiárias são, em média, 11 anos mais antigas que a média nacional. Este fator, aliado à sua maior intensidade exportadora, destaca-se especialmente nas microempresas e pequenas e médias empresas (PME), onde, em média, 32% do volume de negócios provém de exportações. Em comparação, o total dessas empresas apresenta apenas 7% de exportações.
Apesar de uma produtividade superior entre as empresas beneficiárias, o estudo esclarece que essa conclusão deve ser considerada com cautela. A análise exclui as chamadas “outliers”, ou seja, empresas cuja produtividade é significativamente superior à média, o que pode distorcer a comparação. Nas grandes empresas, a produtividade média é inferior devido à presença de uma minoria de empresas altamente produtivas que não receberam apoio do PRR.
O estudo também revelou que o número de entidades com projetos aprovados é semelhante entre micro, pequenas, médias e grandes empresas. No entanto, como esperado, o valor médio aprovado por projeto é maior nas grandes empresas. Curiosamente, quase metade dos fundos aprovados destina-se a micro e pequenas empresas.
Os setores que mais se beneficiaram incluem as indústrias transformadoras, como a produção de químicos e papel, atividades de consultoria e investigação científica, e o setor financeiro e de seguros, que juntos acumulam 70% dos fundos aprovados. Esse montante é mais do dobro do que esses setores representam na economia, que é de cerca de 30%.
Por outro lado, as atividades de comércio a grosso e a retalho, apesar de serem as mais prevalentes na economia, têm mostrado um desempenho fraco em termos de aprovações de montantes do PRR, segundo o Banco de Portugal.