A microbiota intestinal tem uma forte relação com o cérebro, mas estudos têm relacionando-a também com a ansiedade, por exemplo, explica o médico psiquiatra Dr. Flávio H. Nascimento
A ansiedade é um dos maiores problemas de saúde mental atualmente, com destaque para o Brasil que, de acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde – é o país mais ansioso do Mundo. No entanto, a sua formação é bastante complexa e depende de uma série de fatores que têm sido cada vez mais estudados.
De acordo com o médico psiquiatra Dr. Flávio H. Nascimento, as causas da ansiedade podem variar entre fatores genéticos, emocionais e biológicos.
“A ansiedade tem causas multifatoriais, a predisposição genética, por exemplo, pode influenciar, assim como experiências traumáticas e desequilíbrios químicos no cérebro também são importantes”.
A microbiota intestinal e o seu papel na ansiedade
A microbiota intestinal, composta por trilhões de microrganismos, não tem relação apenas com o sistema digestivo, mas também na saúde do cérebro. Esses microorganismos ajudam na produção de neurotransmissores e se relacionam com várias células nervosas também presentes na região.
Mas além destas relações, a microbiota intestinal também pode estar relacionada com o desenvolvimento da ansiedade. É o que aponta um novo estudo publicado por pesquisadores do Instituto Karolinska na revista científica PNAS.
O experimento foi realizado em 72 ratos que tiveram a sua flora intestinal natural eliminada com antibióticos e foram divididos em dois grupos: Um recebeu as fezes de pessoas com ansiedade e o outro as de indivíduos sem a condição. Após o procedimento, eles foram observados socialmente e submetidos a exames durante seis semanas.
Apesar de outros sintomas de ansiedade, como suor ou manifestação de hormônios inflamatórios, não terem sido observados, os pesquisadores identificaram uma clara relação entre a microbiota intestinal e a manifestação de ansiedade nos animais.
Como a descoberta pode alterar a prevenção e tratamento da ansiedade?
A descoberta ainda é bastante experimental e para manifestar resultados diretos na forma como o tratamento e prevenção da ansiedade são feitos ainda serão necessárias mais pesquisas, explica o Dr. Flávio.
“A pesquisa traz uma boa perspectiva da relação, mas ainda é necessário estudos mais robustos para ter impactos mais concretos no manejo da condição. No entanto, cuidar da microbiota intestinal traz benefícios ao cérebro o que pode desencadear melhoras também na saúde mental, então cuidar da microbiota é benéfico em geral, mas para tratar especificamente da ansiedade, ainda é muito cedo”, afirma.
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Sobre Dr. Flávio H. Nascimento
Dr. Flávio Henrique é formado em medicina pela UFCG, com residência médica em psiquiatria pela UFPI e mais de 10 anos de experiência na área de psiquiatria. Diagnosticado com superdotação, tem 131 pontos de QI o que equivale a 98 de percentil e é membro do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito como pesquisador auxiliar.