Um furacão espacial foi observado pela primeira vez na atmosfera superior do polo norte da Terra. Uma equipa internacional com cientistas de várias nacionalidades mas liderada pela Universidade de Shandong, na China, é responsável pelo registro impressionante, publicado na revista Nature Communications no dia 22 de fevereiro.
Os pesquisadores já sabiam da existência deste fenómeno na baixa atmosfera, mas é a primeira vez que se descobre que ele também ocorre na camada mais alta. O “pioneiro” em questão girou no sentido anti-horário durante um período de quase oito horas na ionosfera terrestre.
A descoberta foi feita durante uma série de observações, feitas em 2014 por quatro satélites do Defense Meteorological Satellite Program (DMSP), um programa de monitoramento meteorológico do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Com as informações obtidas, os pesquisadores conseguiram criar uma imagem 3D para ilustrar o furacão. Este estende-se por uma largura de 1 mil quilômetros e fica a centenas de quilómetros acima do polo norte do nosso planeta.
Os estudiosos acreditam que no furacão haja uma massa rodopiante de plasma onde chove elétrons em vez de água. Isso ocorre devido a uma transferência rápida de energia eólica solar e de partículas carregadas que toma conta da atmosfera superior do nosso planeta.Um mecanismo semelhante acontece, por exemplo, durante tempestades tropicais. “Esse estudo sugere que ainda existem intensos distúrbios geomagnéticos locais e depósitos de energia que são comparáveis aos de supertempestades”, comenta, em comunicado, o líder da pesquisa, Qing-He Zhang, professor da Universidade de Shandong.
Ainda de acordo com Zhang, a descoberta sugere que alguns indicadores de atividades geomagnéticas utilizadas por cientistas “não representam adequadamente a atividade dramática dentro dos furacões espaciais”. Esses ocorrem mais em direção aos polos do que os observatórios de índices geomagnéticos antes previam.
Além disso, como plasma e campos magnéticos na atmosfera dos planetas existem em todo o Universo, o furacão espacial muito provavelmente é um fenômeno generalizado, segundo o coautor do estudo, Mike Lockwood.Já se sabe que em planetas como Marte, Saturno e Júpiter, existem furacões terrestres na baixa atmosfera.
Mas o estudo indica aos cientistas que nesses outros mundos também possam existir gases girando em camadas mais elevadas.