Geneticista Bianca Ribeiro Pizzato explica se há possibilidade de gerar novos “génios”
O pai de Elon Musk, Errol Musk, recentemente revelou que foi abordado por mulheres colombianas ricas com uma proposta intrigante: doar o seu esperma para possibilitar o nascimento de uma nova leva de “Elons”. Numa entrevista ao The Sun, o bilionário sul-africano compartilhou detalhes dessa inusitada oferta.
Segundo Errol, eles dizem: ‘Por que procurar por Elon quando podemos ir à pessoa que criou Elon?'”, afirmou o pai. Surpreendentemente, a oferta não envolveu dinheiro, mas sim “comoditties”, conforme noticiado pela CNN Brasil. Questionado se estaria disposto a doar o seu esperma gratuitamente, sem qualquer compensação financeira, Errol respondeu: “Bem, por que não?”
Para entender melhor as implicações genéticas dessa proposta, procuramos a geneticista Bianca Ribeiro Pizzato. Segundo Pizzato, os seres humanos possuem 46 cromossomos no núcleo das suas células, sendo metade deles herdados do pai e a outra metade da mãe no momento da concepção. Isso resulta numa combinação genética única para cada indivíduo, com exceção dos gémeos monozigóticos, que compartilham o mesmo material genético.
Ela explica que, mesmo entre irmãos, as diferenças genéticas podem ser substanciais, e a genética sozinha não determina o sucesso de uma pessoa, “Fatores ambientais desempenham um papel significativo na expressão dos genes e na formação das características individuais. Portanto, mesmo sendo um irmão gémeo de Elon Musk com a mesma composição genética, as suas escolhas e experiências de vida poderiam levá-lo por caminhos completamente diferentes”, afirma a especialista.
A geneticista também enfatizou que as mulheres nascem com uma quantidade determinada de óvulos nos seus ovários. Esses óvulos têm estágios específicos de maturação, uma vez que as células precursoras iniciam os processos celulares de formação dos gametas femininos durante o desenvolvimento intrauterino, “A partir da puberdade estima-se que essa reserva seja de 300 a 500 mil óvulos e destes entre 300 a 500 são liberados no período da ovulação durante a vida reprodutiva da mulher até a menopausa. Por sua vez, o homem nasce com as células precursoras, sendo capaz de iniciar o processo de formação dos espermatozoides a partir da puberdade e durante toda a vida. São processos muito complexos e é muito difícil premeditar características tão específicas levando em conta apenas o material genético do pai”, destaca Bianca
Sobre Bianca Pizzato
Bianca Ribeiro Pizzato é graduada em Ciências Biológicas, especialista em Biologia Molecular e em Reprodução Humana Assistida e mestre em Genética. Atuou como Analista de Laboratório na área da Genômica com Sequenciamento de Nova Geração e desenvolvimento do painel de genes de fusão utilizado no diagnóstico genético de tumores sólidos. Trabalhou na Universidade da Califórnia San Diego em projetos envolvendo inteligência artificial, terapia gênica e diferenciação de células-tronco pluripotentes. Acumulou experiência em instituições como Hospital das Clínicas da UFPR, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fixação Biológica de Nitrogênio e Laboratório de Imunoparasitologia Experimental da USP. É pesquisadora no CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito.