Dois locais isolados no extremo sul do planeta, conhecidos por abrigarem colônias de animais típicos do frio, foram incluídos nas novas medidas econômicas definidas pela gestão de Donald Trump.
As formações Heard e McDonald — uma extensão do território australiano localizada a 4 mil km da costa sudoeste — só podem ser alcançadas após uma travessia marítima de aproximadamente uma semana com partida de Perth, e não recebem visitantes humanos há quase dez anos.
O titular da pasta responsável pelas relações comerciais da Austrália, Don Farrell, declarou à emissora pública local que a inclusão dessas áreas foi “claramente equivocada”.
“Coitados dos pinguins, não sei o que eles fizeram ao Trump, mas, francamente, isso mostra que tudo foi feito às pressas”, afirmou. Outras porções administradas pela Austrália também foram atingidas pelas mesmas diretrizes, incluindo um conjunto de ilhas norueguesas, o grupo das Falklands (ou Malvinas) e uma zona sob domínio britânico situada no Oceano Índico.
“Isso só reforça que nenhuma parte do mundo escapa dessas ações”, comentou o chefe do governo australiano, Anthony Albanese. Assim como o restante do país, as áreas Heard e McDonald, Cocos (Keeling) e Christmas passaram a estar sujeitas a um encargo de 10%. Já a região de Norfolk, também pertencente ao território australiano e com aproximadamente 2,2 mil residentes, recebeu uma taxa de 29%.
O território Heard, por sua vez, é inóspito, congelado e sem presença humana permanente — e abriga o maior vulcão ainda em atividade do país, conhecido como Big Ben. A superfície da região é predominantemente coberta por camadas de gelo.
Acredita-se que a última expedição humana até lá tenha ocorrido em 2016, quando um grupo de operadores de rádio foi autorizado pelo poder público australiano a realizar transmissões a partir do local.
Mike Coffin, pesquisador ligado a uma universidade da Tasmânia, visitou os arredores da área sete vezes para atividades científicas e demonstra ceticismo quanto à saída de mercadorias dali com destino ao território norte-americano.
“Não existe absolutamente nada por lá”, declarou à BBC.
De acordo com seu conhecimento, somente duas firmas locais atuam na captura e comercialização de espécies marítimas como o peixe-negro da Patagônia e o peixe-do-gelo cavala.
O que de fato existe em grande quantidade é um ecossistema raro e impressionante.