Segundo o próprio governo português, a chegada dos imigrantes está a ajudar na reconstrução a economia portuguesa, após um período de recessão. Hoje os brasileiros são os estrangeiros que mais tem investido em Portugal, principalmente no mercado imobiliário, e até mesmo na abertura de novos empreendimentos no país.
De facto, a expansão do mercado imobiliário e outros atrativos estão a atrair um número crescente de brasileiros de rendimentos elevados, que buscam por qualidade de vida e segurança, mas que também enxergam a possibilidade de fazer bons negócios, o que tem mudado drasticamente a perceção e a imagem que se havia construído destes imigrantes.
Perfil do imigrante brasileiro
Trata-se de uma nova vaga de imigrantes brasileiros, muito diferente das outras, que veio para ficar, para construir e principalmente investir, além de profissionais qualificados, da faixa entre os 30 e os 40 anos. Logo, a “invasão brasileira” se mostra benéfica para os portugueses. Os investidores brasileiros estão a chegar e a “avançar depressa” no mercado, e a superar os franceses, que lideraram as compras de imóveis em Portugal em 2017.
“Estamos a falar de 700 milhões de euros (R$ 2,9 bilhões) investidos pelos brasileiros em 2018 em Portugal e a tendência para os próximos anos é de mais aumento”, estima Luis Lima, presidente da Confederação da Construção e do Imobiliário dos Países de Língua Oficial Portuguesa, e da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (Apemip).
Segundo informações do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), em 2016 havia 81.251 brasileiros legalizados no país. Em 2017, segundo a embaixada portuguesa no Brasil, cerca de 9,5 mil vistos de entrada foram emitidos para brasileiros, um aumento de cerca de 50% em relação a 2016 e 125% em relação a 2015. Como resultado disto, no mesmo ano de 2017, as exportações cresceram 11%; a economia cresceu 2,7% e a recuperação dos investimentos foi em torno de 14%, segundo o ministro da Economia de Portugal, Manuel Caldeira Cabral. As altas, em geral, foram maiores que a dos anos anteriores.
Brasileiros também ajudam a conter a crise populacional
A chegada de brasileiros a Portugal está a ajudar o governo português no objectivo de recuperar a perda de cidadãos qualificados que deixaram o país entre 2004 e 2010, ápice da recessão portuguesa, rumo a países como França, Suíça, Inglaterra e Espanha, onde os rendimentos são bem maiores que o ordenado mínimo português de 600 euros. Para além disto, a vinda de novos moradores, pode ajudar também a recuperar um contingente populacional, e manter minimamente estável a densidade demográfica em Portugal nos próximos anos. O número de emigrantes nascidos em Portugal superou os 22,3% da população portuguesa, segundo dados do Observatório da Emigração.
O estudo “Migrações e sustentabilidade demográfica”, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, apresentado na Reitoria da Universidade de Lisboa, mostra que Portugal precisa receber pelo menos uma média de 100 mil imigrantes por ano nos próximos 40 anos para não desaparecer como país. Logo, receber brasileiros, que tem laços históricos, linguísticos, culturais e genéticos com Portugal pode soar como uma opção mais interessante do que receber imigrantes de outras nacionalidades. Se não acontecer, os investigadores perspetivam uma crise demográfica grave, o que significa sermos menos 2,6 milhões em 2060.
Novos tempos
Os estigmas de que o brasileiro é espertalhão e a brasileira está à procura de homens estão cada vez mais no passado, e praticamente já não existem entre os mais jovens. Portugal quer se rejuvenescer para o futuro, e isto é possível com a ajuda dos brasileiros, que trazem mão de obra qualificada, recursos, investimentos e aspirações de obterem mais qualidade de vida e estarem integrados num contexto europeu de convívio.