O envelhecimento é um processo natural do corpo humano, afetando as capacidades físicas, como força muscular, equilíbrio, resistência óssea, entre outras, mas também as habilidades cognitivas.
No entanto, de acordo com um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália, que analisou mais de 150 estudos anteriores sobre o envelhecimento do corpo e do cérebro, após os 40 anos o cérebro passa por um processo de adaptação com uma reorganização de conexões.
Adaptação contra-intuitiva
Anteriormente sabia-se que, com o passar dos anos, o cérebro sofria com um processo de perda de alguma habilidades, em especial a capacidade de aprendizado rápido, comum na juventude devido à alta conectividade.
Mas de acordo com o estudo da Universidade Monash, o cérebro se reconfigura após os 40 anos, o que ajuda a torná-lo mais saudável.
“O cérebro sofre significativas alterações estruturais, funcionais e metabólicas com a idade, com alterações associadas na cognição e no comportamento. […] Um novo refinamento das redes funcionais ocorre então até por volta da terceira e quarta década de vida. Uma interação multifacetada de mudanças potencialmente prejudiciais e compensatórias pode ocorrer no envelhecimento. […]Quando investigado em todo o cérebro em repouso, a literatura sugere com alta certeza que os adultos mais velhos exibem menor conectividade dentro da rede e maior conectividade entre redes do que os adultos mais jovens”, afirma o estudo.
Estas mudanças na conectividade do cérebro são importantes para torná-lo mais resistente à passagem do tempo, ajudando a otimizar, principalmente, tarefas cotidianas e ‘automáticas’, como a linguagem. No entanto, a eficiência desse processo de reestruturação depende, em grande parte, do estilo de vida do indivíduo.
O cérebro se adapta de acordo com a fase da vida
De acordo com o Pós PhD em neurociências e membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, o cérebro altera sua forma de conexão de acordo com a fase da vida.
“Nos anos iniciais de vida o cérebro forma os neurônios e fortalece as sinapses, o que gera um ambiente altamente favorável para o aprendizado e interação social, o que ajuda a acumular bastante conhecimento que será utilizado ao longo da vida”.
“Mas com o passar dos anos, especialmente após os 40 anos, ele tem o que chamamos de ‘inteligência cristalizada’, ou seja, conhecimentos que dependem do conhecimento, aprendizagem e experiências anteriores, gerando uma maior capacidade em habilidades como a compreensão de leitura e vocabulário”.
“Por isso há certas mudanças comportamentais em pessoas adultas, isso ocorre porque arriscamos menos e desenvolvemos sabedoria a partir de experiências anteriores, o que leva a evitar esforços desnecessários, que antes pareciam tão importantes para alcançar objetivos”, explica Dr. Fabiano de Abreu.