Um grupo de 55 peregrinos provenientes da Galiza está a percorrer, desde domingo, dia 23, o Caminho da
Geira e dos Arrieiros (CGA) por etapas, com o objetivo de divulgar este itinerário jacobeu que liga Braga a
Santiago de Compostela na distância de 240 quilómetros.
A peregrinação é organizada pela Associação dos Amigos do Caminho Português de Santiago (AACPS),
liderada por Celestino Lores, e prossegue no domingo, dia 30, com os participantes a cumprirem a distância
entre Caldelas e Terras de Bouro, depois de no primeiro dia terem partido da Sé de Braga.
“O primeiro objetivo desta, como de todas as peregrinações, é chegar ao túmulo do Apostolo Santiago, mas
neste caso há também a intenção de fazer um caminho novo, como é o caso do CGA”, explica Celestino
Lores.
“Há 30 anos que fazemos os caminhos portugueses e faltava este, que cumprimos de modo a contribuir
para aumentar o conhecimento e divulgação das suas potencialidades”, adianta o presidente da AACPS,
frisando que “é um percurso que está a renascer, em plena promoção, mas muito antigo e suportado pela
história”.
A AACPS “apoia todos os caminhos que realmente têm história, como acontece como CGA. Um dos
objetivos da nossa associação é a divulgação e promoção dos caminhos portugueses de Santiago e este é
um itinerário que existe desde o tempo dos romanos, é um caminho com história”, realça.
Quanto ao reconhecimento do CGA, Celestino Lores está convicto: “Sem qualquer duvida, penso que será
reconhecido pelos governos da Galiza e de Portugal”.
“As notícias que tenho do Governo da Galiza é que vai ser considerado um caminho oficial, como já foi pela
Igreja. É um caminho com futuro, que terá muito sucesso sem qualquer duvida”, destaca.
Para o adjunto do presidente do Município de Braga, António Barroso, esta é “mais uma peregrinação
jacobeia a que a autarquia se associa com muito gosto. O contacto com quem faz o Caminho de Santiago é
muito relevante para demonstrar a ligação ancestral ao Caminho, mas também para que a passagem por
Braga seja diferente e mais acolhedora”.
“Com a Associação Espaço Jacobeus (AEJ) continuamos a procurar proporcionar as melhores condições aos
peregrinos e, em conjunto, estamos a trabalhar com as entidades competentes para a certificação dos
caminhos que passam ou iniciam em Braga”, acrescentou.
O Caminho da Geira e dos Arrieiros começa na Sé de Braga e passa pelos municípios de Amares, Terras de
Bouro e Melgaço, entrando na Galiza pela Portela Homem. Nos últimos seis anos foi percorrido por mais de
três mil peregrinos, um terço dos quais em 2022; sobretudo de Portugal e Espanha, mas também do resto
da Europa, da Austrália, Brasil, Japão, México, Azerbeijão, China, Belize ou Aruba.
Este itinerário foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019 e
em publicações da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e
Norte de Portugal (2021).
O percurso tem 240 quilómetros e destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira, via do
género mais bem conservada do antigo império ocidental romano, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça
Gerês-Xurés. Além disso, o seu traçado é um dos escassos cinco que ligam diretamente à Catedral de
Santiago de Compostela.