O músico brasileiro Ivo Silva de Souza, de 36 anos, recebeu uma notificação para abandonar voluntariamente Portugal no prazo de duas semanas. Ivo esteve recentemente no Consulado do Brasil em Lisboa, mas afirma que não tem recebido apoio jurídico nem psicológico.
“Estou a tentar ver com o consulado, de alguma forma, para não ter de pedir às pessoas que conheço, familiares e amigos, que ajudem a fazer uma vaquinha online. Gostaria que o meu governo me proporcionasse este voo de regresso ao Brasil, como uma forma mínima de reparação pelo que estou a passar aqui. Tenho até ao dia 24 para ir embora. Por isso, estou a tentar perceber se conseguem ajudar-me nesse sentido, pagando um voo para que eu possa regressar a casa.”
O Consulado do Brasil em Lisboa informou que acompanha o caso e presta assistência consular ao brasileiro. Contudo, argumenta que, de acordo com a legislação vigente, as repartições consulares brasileiras não podem atuar como procuradoras ou representantes de cidadãos brasileiros em processos judiciais, nem assumir o pagamento de honorários.
Ivo de Souza encontra-se em Portugal para realizar uma pós-graduação em Marketing Digital, sendo também jornalista e produtor cultural. Relata que estava acompanhado por um amigo quando ambos foram agredidos por um grupo de homens com socos e pontapés à porta de uma casa de espetáculos, em Lisboa. Foram atendidos na rua por uma ambulância dos bombeiros e encaminhados para a 3ª Esquadra da Polícia de Segurança Pública, onde permaneceram por mais de três horas.
Posteriormente, Ivo relatou que ocorreram acontecimentos estranhos, incluindo várias chamadas telefónicas de um homem que se identificou como agente da Abin, a Agência Brasileira de Inteligência. Este alegava querer ajudá-lo e pedia mais informações sobre o ocorrido, bem como sobre os seus próximos passos. O mais intrigante, segundo o músico, é que, apesar de se apresentar como brasileiro, o suposto agente tinha sotaque português e começou a insistir para um encontro presencial, o que não aconteceu. Ivo bloqueou o número do homem e afirma sentir-se ainda mais desprotegido e com medo, desejando regressar ao Brasil o quanto antes.