Autoras: Helena Varela de Araújo, Rafaele Loureiro de Azevedo e Bruna Garcia Nogueira
O que são vesículas extracelulares?
Vesículas extracelulares (VEs) são secretadas por quase todos os tipos celulares e possuem a função de realizar a comunicação intercelular, podendo ocorrer por meio de interação ligante e receptor, por fusão e/ou internalização. As VEs são classificadas conforme sua dimensão em exossomos (30-100nm), micropartículas (50-1000nm) e corpos apoptóticos (100-1200nm) (Figura 1).
Sua composição determina o tipo de mensageiros que elas podem transmitir: proteínas, lipídeos, além de diferentes tipos de RNAs e DNA.
Além de serem diferenciadas pelo tamanho, as VEs possuem densidade e origem diferentes. Enquanto as micropartículas e os corpos apoptóticos são formados a partir da evaginação direta da membrana plasmática, os exossomos são formados a partir de um processo mais complexo, que envolve a incorporação de conteúdo proteico ou molecular por invaginação em endossomos multivesiculares citoplasmáticos. Esses endossomos são, posteriormente, fundidos à membrana plasmática, liberando os exossomos para o meio extracelular.
Qual a importância clínica?
Diversos estímulos fisiológicos e patológicos podem aumentar a produção de VEs, o que pode ser detectado em fluídos corporais. Essa característica abriu os horizontes para o investimento em pesquisas que visam a utilização dessas alterações como possíveis biomarcadores em várias doenças.
Em tumores, os exossomos carregam sinais imunoinibitórios promovendo o escape ao controle imunológico. Eles também estão envolvidos na comunicação com as células do microambiente tumoral e com a quimioresistência em diversas neoplasias sólidas. Por exemplo, vesículas extracelulares originadas de células leucêmicas são capazes de influenciar alguns processos como crescimento celular, neoangiogênese e escape ao sistema imune.
Referência:
Araújo HV, Sakamoto LHT, Bacal NS, Epelman S, Real JM. MicroRNAs and exosomes: promising new biomarkers in acute myeloid leukemias?. einstein (São Paulo). 2022;20:eRB5954. https://doi.org/10.31744/einstein_journal/2022RB5954
Sobre as autoras:
Helena Varela de Araújo – Biomédica graduada pela UFRN e pela University of Kent (Inglaterra). Especialista em Hematologia pelo Hospital Albert Einstein. Tem MBA em Gestão de Saúde pelo Centro Universitário São Camilo. Aluna de cursos na área de Marketing na ESPM. Foi assistente técnica do laboratório de citometria de fluxo do Whitehead Institute, MIT. Atualmente é supervisora do laboratório de citometria clínica do Beth Israel Deaconess – Harvard Medical School. Fundadora do @HemoFlow, maior página de ensino em citometria de fluxo do Instagram.
Rafaele Loureiro de Azevedo – Bióloga graduada pela Universidade Estácio de Sá, CRBio/RJ 121828/02-D. Especialista em hematologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Imunobiológicos por BioManguinhos/Fundação Oswaldo Cruz. Atualmente é analista de inovação e operações farmacêuticas da Fiocruz/RJ. Tem experiência em Controle de Qualidade, Citometria de Fluxo e expressão de anticorpos monoclonais in vitro. É criadora de conteúdo e professora do @HemoFlow.
Bruna Garcia Nogueira – Farmacêutica graduada pela UnB, CRF/SP 95286. Especialista em Hematologia pelo Hospital Albert Einstein, com aperfeiçoamento em Citometria de Fluxo pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Analista especializada em citometria de fluxo no Hospital Albert Einstein. Criadora de conteúdo e professora do @HemoFlow