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A quarta Web Summit realizada em Lisboa ficou aquém das expectativas, o que leva alguns a falar de “um flop”. O evento custou mais de 20 milhões de euros ao Estado e à Câmara de Lisboa, mas trouxe à capital portuguesa menos gente do que se esperava.
Esta ideia de fracasso de um evento que tem gerado grande entusiasmo e que levou o Governo português a investir muito tempo e dinheiro com vista à sua manutenção em Portugal está espelhada no jornal Sol. O semanário fala de um “flop”, notando que o impacto do evento no estrangeiro “é quase nulo” e que as “televisões e jornais lá fora ignoram” a conferência tecnológica.
Por outro lado, a organização esperava 100 mil participantes, mas só estiveram na Web Summit 70.469 pessoas de 163 países, de acordo com dados oficiais.
O Estado e a Câmara de Lisboa investiram mais de 20 milhões de euros para apoio à realização do evento e esperam um retorno de “centenas de milhões”, mas, para já, não há informações concretas que indiquem quais os reais benefícios da Web Summit para Portugal.
Participantes gastaram mais de 64 milhões de euros
Os primeiros números indicam que os participantes na Web Summit gastaram cerca de 64,4 milhões de euros durante os quatro dias do evento, destacando-se a despesa associada ao alojamento, que representou 125 euros por dia, segundo uma análise da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
O valor facturado em quatro dias é equivalente ao orçamento da Câmara Municipal de Lagos para todo o ano de 2020.
No que se refere à acomodação, 62% dos visitantes optaram pelo alojamento local, enquanto 38% escolheram a hotelaria. Durante a cimeira, a taxa média de ocupação rondou os 89%, destacando-se as zonas do Rossio (40%), Bairro Alto (20%) e Olivais (16%).
Relativamente à edição de 2018, “64% dos empresários perspectivam um aumento do impacto económico do evento” e 82% das empresas estimam um aumento dos preços de venda.
Por sua vez, 74% dos empresários prevêem um aumento das receitas face ao ano anterior e 60% das unidades de alojamento “indicaram esperar uma taxa de ocupação semelhante à da edição anterior”.
Para a realização desta análise e ao nível dos gastos dos visitantes, a associação teve como referência o inquérito do Observatório do Turismo de Lisboa, no qual foram inquiridos os participantes de três congressos realizados entre Março e Junho de 2019.
Fundada em 2010 por Paddy Cosgrave, Daire Hickey e David Kelly, a Web Summit é considerada um dos maiores eventos de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e evoluiu em menos de seis anos de uma equipa de apenas três pessoas para uma empresa com mais de 150 colaboradores. A cimeira tecnológica, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se em Lisboa em 2016 e vai manter-se na capital portuguesa até 2028.
Nesta edição, mais de 5,1 milhões de pessoas viajaram no Metropolitano de Lisboa durante os quatro dias em que decorreu a Web Summit.
No âmbito da parceria com a organização do evento, o Metro “reforçou a sua oferta em toda a rede” durante os dias da conferência, “tendo transportado um total de 5.106.902 passageiros”, conforme um comunicado da empresa.
Um número que representa um acréscimo de 10,9% de viagens em relação aos dias da última Web Summit, em 2018, em que se registaram 4.602.737 passageiros transportados.