A intensidade carbónica da economia portuguesa atingiu, em 2022, o valor mais baixo desde 1995, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE). Este indicador, que mede a relação entre as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e a atividade económica, caiu 2,9% em relação ao ano anterior, refletindo uma recuperação económica forte, com o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer 7,0%. Apesar do aumento de 3,7% no Potencial de Aquecimento Global (GWP), a intensidade carbónica manteve-se em declínio, marcando um progresso significativo na descarbonização da economia.
Em 2022, cinco setores principais foram responsáveis por 82,1% das emissões de CO2: a indústria, os transportes, os setores de informação e comunicação, energia, água e saneamento. Entre estes, a indústria teve o maior peso, com 23,3% das emissões, contrariando uma tendência que, desde 1998, tinha a energia e saneamento como os maiores emissores.
As famílias contribuíram com 18,4% das emissões, enquanto setores como os transportes e a comunicação registaram um aumento expressivo de emissões (+28,0%), impulsionados pela retoma das atividades económicas após a pandemia e o consumo acrescido de combustíveis fósseis. A seca severa, que reduziu a produção de energia hídrica, obrigou a um maior recurso a combustíveis fósseis, agravando as emissões.
O aumento das emissões de metano (16,9% do GWP) e óxido nitroso (5,7%) foi principalmente atribuído à agricultura e saneamento, enquanto os gases fluorados, usados em sistemas de climatização e refrigeração, representaram 3,2% do GWP total.
O cenário geral reflete o impacto de crises energéticas e a crescente dependência de combustíveis fósseis em setores como o turismo e o comércio internacional, fatores que têm vindo a dificultar o progresso da descarbonização em algumas áreas da economia.