Um grupo de 37 cidadãos portugueses encontra-se retido na Jordânia desde o fim de semana, após o fechamento do espaço aéreo causado pela escalada do conflito armado entre Israel e Irã. Os turistas, a maioria com mais de 60 anos, acusam o Governo português de falta de apoio e ausência de contato direto com os viajantes.
Segundo Carlos Lima, um dos membros do grupo, a viagem de férias começou no dia 5 de junho, com retorno previsto para o último domingo (15). O voo, porém, foi cancelado devido à instabilidade na região. Ainda de acordo com Lima, o grupo está hospedado em Amã, capital jordaniana, de onde relatam ouvir sirenes e a passagem de mísseis nos arredores.
“Estamos hospedados num dos edifícios mais altos da cidade e os mísseis passam em alta velocidade por cima do hotel. As pessoas estão assustadas, as famílias em Portugal estão em pânico”, descreveu Carlos Lima à agência Lusa.
Tentativa de fuga por terra
Sem resposta oficial direta por parte das autoridades portuguesas, os turistas decidiram tentar chegar ao Egito por terra, atravessando o sul da Jordânia até o Cairo, de onde esperam conseguir um voo de regresso a Portugal.
“Estamos no meio de um conflito sem precedentes, com consequências imprevisíveis. É essencial que o Estado português atue de imediato para garantir o nosso regresso, por voo comercial ou operação de resgate”, defendeu Lima, que criticou a inação do Governo.
Resposta do Governo
Questionado pela Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) garantiu que tem acompanhado a situação “nos últimos dias” e está ciente do grupo de portugueses em Amã. No entanto, não forneceu detalhes sobre eventuais planos de evacuação ou assistência logística.
A situação ocorre em meio a um novo capítulo do conflito no Oriente Médio. Israel realizou ataques aéreos com 200 aviões contra 100 alvos estratégicos iranianos, incluindo Teerã, instalações nucleares e bases militares. Em resposta, o Irã disparou centenas de mísseis contra Tel Aviv e Jerusalém, deixando centenas de mortos e mais de mil feridos de ambos os lados.
Críticas à diplomacia portuguesa
Carlos Lima lamenta que, apesar do agravamento do cenário geopolítico, o Estado português “não esteja preparado para apoiar os seus cidadãos numa situação como esta”, criticando o que considera falta de prioridade institucional diante de um cenário de risco extremo.
“O mundo está em turbulência, com graves conflitos armados. Esperamos que as autoridades portuguesas estejam à altura do momento”, concluiu.