O Caminho da Geira e dos Arrieiros, que conta 500 compostelas emitidas este ano, a maioria atribuída a
peregrinos que partiram de Braga, foi apresentado em Bruxelas a um eurodeputado português que integra
o Intergrupo Património Cultural Europeu dos Caminhos de Santiago, cujas atividades abrangem o
programa Rotas Culturais do Conselho da Europa.
O eurodeputado José Manuel Fernandes (PSD/Partido Popular Europeu) convidou e recebeu uma comitiva
de autarcas de Amares, Vila Verde e Terras de Bouro na quarta-feira, dia 6, altura que o presidente da
União das Freguesias de Caldelas, Sequeiros e Paranhos aproveitou para dar a conhecer a rota jacobeia que
liga Braga a Santiago de Compostela.
“Encarei o gesto como algo muito positivo”, afirmou o eurodeputado, mais até porque compõe o
Intergrupo Património Cultural Europeu, Caminhos de Santiago e Outras Rotas Culturais Europeias,
presidido pelo galego Francisco José Millán Monque e que divulga os diferentes itinerários culturais e
históricos da Europa.
“Eu tenho interesse em divulgar o Caminho de Santiago, mas também outros itinerários, como os de São
Bento da Porta Aberta ou de Fátima, para os quais também devemos olhar. Eu próprio já fui a pé desde Vila
Verde [de onde é natural] a São Bento e a Fátima, e também quero ir a Santiago de Compostela”, adiantou
José Manuel Fernandes, que o ranking Overwatch 2020 apontou como o eurodeputado português mais
influente.
Quanto ao Caminho da Geira e dos Arrieiros, esclareceu que a iniciativa partiu do “presidente de Caldelas,
freguesia onde está o primeiro albergue deste caminho que promovem”. “É um traçado que desconhecia e
que tem a particularidade de sair de Portugal, entrar em Espanha e voltar a entrar em Portugal. O objetivo
deles é divulgar um caminho com 500 compostelas emitidas este ano e que dizem ter sido percorrido por
um total de mil pessoas [851 documentadas pelas associações]”, adiantou.
“Há uma outra particularidade, este é um percurso onde também se encontra a história, como na antiga
via romana XVIII, natureza e para quem acredita e é peregrino, toda a beleza do caminho”, destacou depois
da apresentação que lhe foi feita.
O eurodeputado confessou que um dia gostaria de fazer o Caminho de Santiago, “mas sem tempo
marcado”, acampando onde estivesse quando lhe apetecesse parar ou encontrasse pessoas com as quais
quisesse ficar a falar, “sem estar pressionado pelo tempo”. “O meu sonho é fazer o caminho assim, dizem-
me que é impossível, mas é uma coisa que eu gostava de concretizar”, refere José Manuel Fernandes,
também presidente da Delegação Parlamentar UE-Brasil e que na quinta-feira, dia 7, foi condecorado pelo
governo brasileiro com a Ordem do Rio Branco, que distingue serviços meritórios e virtudes cívicas.
O presidente da União das Freguesias de Caldelas, Sequeiros e Paranhos, José Manuel Almeida, explicou
que, “no início da sessão da manhã de quarta-feira com o eurodeputado”, aproveitou a oportunidade para
“publicamente lhe oferecer uma placa e um guia do Caminho da Geira e dos Arrieiros e desafiá-lo a fazer o
percurso”.
“Falámos um bocado sobre este caminho. Convidei-o a fazê-lo e garanti que lhe dava assistência, fazendo
uma equipa com mais duas ou três pessoas para irmos com ele. Ficou de pensar e de ver a sua agenda.
Quanto mais não seja faz uma ou duas etapas para ficar a conhecer alguma coisa”, adiantou o autarca.
Sobre a afluência de peregrinos ao Caminho da Geira e dos Arrieiros, José Manuel Almeida considera que
“nunca será um itinerário de massas, mas paulatinamente irá aumentando o seu número”. “Acredito, pelo
retorno que tenho tido das pessoas, que o próximo ano, se não houver nada de extraordinário, será
excecional no aspeto do crescimento de peregrinos, porque há muita procura de informação”.
“É bom que cresça, mas não que seja massificado. Assim vai manter a essência de um caminho autêntico,
difícil, mas que qualquer pessoa preparada consegue percorrer, com recurso a GPS às vezes. Merece
respeito, mas não é preciso ter medo”, conclui o autarca.
Este itinerário de 239 quilómetros começa na Sé de Braga e passa pelos municípios de Amares, Terras de
Bouro e Melgaço, entrando na Galiza pela Portela Homem.
Nos últimos seis anos foi percorrido por quase 4.000 peregrinos, sobretudo de Portugal e Espanha, mas
também do resto da Europa, da Austrália, Brasil, Japão, México, Azerbeijão, China, Belize ou Aruba.
Foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela Igreja em 2019 e em publicações
da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e Norte de
Portugal (2021).
O percurso destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a Geira, via do género mais bem
conservada do antigo império ocidental romano, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés.
Além disso, o seu traçado é um dos escassos cinco que ligam diretamente à Catedral de Santiago de
Compostela.