Na última sexta-feira, Begoña Gómez, esposa do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, exerceu seu direito ao silêncio durante uma audiência judicial em que é investigada por suspeitas de tráfico de influências e corrupção. A decisão de Gómez em não prestar depoimento foi orientada por sua defesa, que argumenta a falta de garantias adequadas no processo.
Antonio Camacho, advogado de Begoña Gómez, justificou que sua cliente optou pelo silêncio não por ter algo a esconder, mas devido às inadequações no procedimento investigativo. Ele criticou o juiz de instrução por não delimitar claramente o objeto da investigação, conforme determinado por uma instância superior e considerando a parte encaminhada à Procuradoria da União Europeia, já que há envolvimento de fundos comunitários.
Camacho destacou ainda que dois relatórios da polícia enviados ao juiz não encontraram indícios de irregularidades. “Este procedimento carece de qualquer objeto neste momento”, afirmou, enfatizando que um juiz de instrução deve definir claramente o foco da investigação.
Gómez esteve no tribunal de Madrid por cerca de dez minutos. Esta não foi a primeira vez que ela compareceu ao tribunal sem ser ouvida; em 5 de julho, sua defesa alegou desconhecimento de parte da acusação devido a uma nova queixa apresentada contra ela.
As investigações contra Begoña Gómez baseiam-se em denúncias de associações de extrema-direita, focando-se em sua relação profissional com um empresário cujas empresas teriam recebido ajudas públicas ou participado em concursos públicos durante o mandato de Pedro Sánchez como primeiro-ministro. O Ministério Público, alinhado com as conclusões da investigação policial, não encontrou fundamentos para o caso e solicitou seu arquivamento. No entanto, o juiz de instrução decidiu prosseguir com a investigação, convocando diversas testemunhas.
Begoña Gómez, especialista em Marketing e gestão, tem uma carreira dedicada à captação de fundos para fundações e organizações não-governamentais. Tanto Sánchez quanto o Partido Socialista Espanhol (PSOE) têm reiterado que a investigação carece de fundamento e a classificam como uma perseguição política e pessoal ao primeiro-ministro e sua família. Sánchez chegou a considerar a renúncia em abril, denunciando uma “máquina de lodo” de desinformação e mentiras disseminadas pela direita e extrema-direita, judicializadas através de queixas de associações extremistas.
Este caso, junto com a lei de anistia para os independentistas catalães, tem sido um dos principais ataques ao primeiro-ministro nas últimas semanas, sendo frequentemente utilizado por seus adversários políticos.