Ao longo dos anos os investigadores têm detetado uma correlação consistente entre os sintomas depressivos e um grave risco de AVC. Um novo estudo mostra agora mais evidências desta ligação.
Tem sido um desafio para os especialistas entender a ligação frequentemente observada entre depressão e risco de AVC. A depressão pode levar a comportamentos não saudáveis que aumentam o risco de desenvolver doenças como diabetes e hipertensão, que podem causar um risco maior de ter um acidente vascular cerebral.
Contudo, uma análise de 2012 sugeriu que o efeito da depressão no risco de AVC era “independente de outros fatores de risco, incluindo hipertensão e diabetes”. Uma revisão sistemática de 2014 confirmou a ideia de que a depressão pode aumentar o risco de AVC, independentemente de estarem presentes “doenças cerebrovasculares e cardiovasculares”.
As evidências da relação entre depressão e AVC são vistas como uma condição chamada depressão pós-AVC. Um em cada três pacientes com AVC é classificado com esta condição, que pode aumentar o risco de morte até 10 vezes, diz o New Atlas.
Virginia Howard, autora principal do novo estudo, explica que “há uma série de fatores de risco bem conhecidos que estimulam o AVC, como é o caso da hipertensão, diabetes e doenças cardíacas, mas agora estamos a começar a entender que também existem fatores de risco não tradicionais, e os sintomas depressivos ocupam um lugar importante nessa lista”.
A nova pesquisa surge de um estudo longitudinal chamado Razões para diferenças geográficas e raciais no AVC, que começou em 2003. Um dos objetivos do projeto era entender o papel da depressão na estimulação de AVC, sobretudo na população negra dos Estados Unidos.
No novo estudo, os sintomas depressivos foram medidos em quase 25 mil indivíduos usando uma escala que oferece uma pontuação de depressão entre 0 e 12. As pontuações acima de 4 na escala são geralmente consideradas indicativas de sintomas depressivos.
Os indivíduos com pontuação entre 1 e 3 na escala de depressão tinham 39% mais probabilidade de sofrer um derrame cerebral, enquanto que os que tinham pontuação igual ou superior a 4 eram 54% mais propensos a sofrer AVC.
O estudo não viu nenhuma diferença na depressão e associação de risco de AVC entre diferentes grupos raciais. Isso sugere que os sintomas de depressão podem ser considerados um fator de risco independente para AVC, em diversas populações raciais e étnicas.
Howard sugere que os médicos devem reconhecer a depressão como um fator de risco significativo para derrames cerebrais, e devem ser considerados exames de rotina de saúde do paciente. O novo estudo foi publicado no Neurology: Clinical Practice em outubro.