Os testes em massa para a covid-19, juntamente com regras de confinamento e de quarentena rígidas, reduziram a taxa de infeção na Eslováquia em cerca de 60% numa semana, revelaram investigadores britânicos.
De acordo com o Guardian, as empresas eslovacas passaram a exigir testes aos funcionários, só permitindo que trabalhassem os que tivessem resultado negativo. Em caso de resultado positivo, os trabalhadores tinham que entrar numa quarentena de dez dias com a família, sendo o ordenado pago na totalidade.
Um resultado negativo permitia às pessoas trabalharem, mas não era um critério para visitar familiares em casas de repouso ou para os alunos regressarem às aulas. Esse método de testagem em massa não foi implementado para suspender as restrições, mas para identificar casos de covid-19 e isolá-los.
Combinado com as restrições sociais, o método foi bem sucedido, disseram os investigadores da London School of Hygiene & Tropical Medicine, cujo trabalho foi publicado recentemente na medRxiv e ainda não foi revisto pelos pares.
“Na Eslováquia, há evidências relativamente fortes de que o confinamento, combinado com os testes em massa, levou a uma grande redução na taxa de infeções por covid-19”, disse o professor associado Stefan Flasche.
A Eslováquia usou o teste rápido SD Biosensor, aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e não o Innova, usado no Reino Unido. Em Liverpool, por exemplo, surgiram recentemente evidências de que os testes rápidos utilizados não foram capazes de identificar 50% as infeções, 30% das quais com uma alta carga viral.
A Eslováquia realizou testes entre 23 e 25 de outubro nos quatro condados mais afetados, seguido por uma ronda nacional a 31 de outubro e a 01 de novembro. Os condados de alta prevalência foram testados novamente a 07 e 08 de novembro. Os testes identificaram 50 mil pessoas infetadas, que foram obrigadas a isolar-se com famílias.
Para o professor Sebastian Funk, a estratégia implementada pela Eslováquia parece ter mais sucesso na redução do número de casos do que se fossem aplicadas apenas as restrições. “Parece ter realmente reduzido o tempo de confinamento”, afirmou,
“As medidas [para controlar] a covid-19, como o confinamento, têm um enorme impacto social e económico”, referiu Martin Pavelka, do Ministério da Saúde da Eslováquia, outro dos autores do estudo.
“Testes rápidos de baixo custo, que podem ser produzidos em grande escala, oferecem a oportunidade de conduzir campanhas de testes em massa que identificam a maioria dos indivíduos infetados”, acrescentou.
Já Alexander Edwards, professor de tecnologia biomédica da Reading University, indicou: “É ótimo ver a avaliação dos programas de teste em massa, mas não é fácil interpretar” estes dados “de forma a sugerir” que o método “funcionará em qualquer lugar, nem será fácil descobrir como programas semelhantes podem ser usados no Reino Unido”.
“Como apontado pelos autores, há muita coisa a acontecer ao mesmo tempo, portanto atribuir uma queda dos casos apenas aos testes em massa é difícil. No entanto, há evidências de que um programa de testes em massa pode contribuir para uma redução nos casos”, sublinhou.