Investigadores conseguem prever se uma pessoa se vai lembrar ou esquecer de alguma coisa através da sua atividade neural e tamanho das pupilas.
Por vezes, temos a certeza que sabemos alguma coisa, mas esse conhecimento parece não nos vir à memória. Quase como quando nos esquecemos do nome de um ator, mesmo que saibamos o nome dele. O facto de não nos lembrarmos destes pormenores que temos armazenados na nossa memória pode agora ser explicado pela ciência.
Num estudo publicado recentemente na revista científica Nature, uma equipa de investigadores da Universidade de Stanford procurou perceber a razão pela qual isto acontece e pela qual alguns de nós temos uma memória melhor.
As descobertas podem ter implicações para condições de saúde relacionadas com a memória, como a doença de Alzheimer, e podem levar a aplicações para melhorar a atenção e a memória das pessoas no quotidiano, escreve o Futurity.
Os cientistas mediram as pupilas e monitorizaram a atividade neural de 80 voluntários enquanto estes faziam tarefas relacionadas com lembrar ou identificar mudanças em coisas vistas anteriormente.
Os investigadores estudaram também as diferenças na capacidade das pessoas de manter a atenção examinando o quão bem os voluntários eram capazes de identificar uma mudança gradual numa imagem. Além disso, analisaram a capacidade de multitasking de mídia fazendo com que os indivíduos relatassem o quão bem eles poderiam envolver-se com várias fontes de mídia, como enviar mensagens e ver televisão, dentro de uma determinada hora.
Com base nisto, os autores do estudo concluíram que os voluntários com menor capacidade de atenção e melhor multitasking registaram um pior desempenho nas tarefas de memória.
“Não podemos dizer que um maior multitasking de mídia causa dificuldades na atenção e falhas de memória”, diz o coautor principal do estudo Kevin Madore, enfatizando que o seu trabalho demonstra correlação, não causalidade.
“Embora seja lógico que a atenção é importante para a aprendizagem e para nos relembrarmos de coisas, um ponto importante aqui é que as coisas que acontecem antes mesmo de você começar a lembrar vão afetar se você pode ou não reativar uma memória que é relevante para o seu objetivo atual”, salienta o coautor principal Anthony Wagner.
Os investigadores imaginam criar sensores oculares que detetam lapsos de atenção em tempo real com base no tamanho da pupila. Assim, se o utilizador puder ser orientado a focar-se numa determinada tarefa, os sensores podem ajudar na aprendizagem ou até para se lembrar de alguma informação.
“Temos uma oportunidade agora de explorar e compreender como é que as interações entre as redes neurais que dão suporte à atenção, o uso de objetivos e da memória se relacionam com as diferenças individuais na memória em adultos mais velhos”, disse ainda Wagner.