Recentes episódios de racismo e xenofobia na Escola Secundária de Castelo de Paiva, no norte de Portugal, trouxeram à tona a questão do preconceito em ambientes escolares, causando indignação entre pais, alunos e autoridades locais. Dois casos, envolvendo um estudante brasileiro e uma luso-brasileira, foram registrados, levantando preocupações sobre a segurança e inclusão nas escolas da região.
Aluno Brasileiro Agredido e Alvo de Racismo
Victor Rodrigues, um estudante brasileiro de 16 anos, foi agredido física e verbalmente por um colega na escola. O jovem foi chamado de “macaco” e “preto” antes de ser encurralado e agredido com um soco no rosto. O incidente, filmado por outros estudantes, mostra Victor sendo segurado pelo pescoço antes do ataque.
O pai de Victor, Heliomar Rodrigues, apresentou queixa à Guarda Nacional Republicana (GNR) e foi ouvido pela diretora da escola juntamente com a mãe do agressor. Apesar da proposta da mãe de pagar pelos óculos quebrados de Victor, Heliomar insistiu na importância de levar o caso adiante:
“Este tipo de comportamento não pode ser tolerado. Mesmo com os reparos materiais, o agressor deve ser responsabilizado pela polícia”, afirmou.
Heliomar também revelou que Victor já havia sido vítima de xenofobia anteriormente na mesma escola. Ele trouxe o filho para Portugal há cinco anos, buscando um ambiente mais seguro após um episódio traumático no Brasil, onde o avô de Victor foi assassinado. “Queria que ele tivesse uma vida diferente, mas agora enfrentamos esse tipo de violência aqui”, desabafou.
Outro Caso de Xenofobia na Mesma Escola
Poucos dias após a denúncia do caso de Victor, mais um episódio foi registrado na GNR. Desta vez, uma luso-brasileira, descendente de portugueses, relatou ter sido alvo de xenofobia na mesma instituição. Os casos evidenciam que até mesmo descendentes de portugueses enfrentam discriminação, questionando o que deveria ser um ambiente de integração.
Ambos os incidentes ocorreram em Castelo de Paiva, uma pequena aldeia próxima ao Porto, pertencente ao distrito de Aveiro. A Escola Secundária, que atende jovens da região, está agora no centro de uma discussão sobre como prevenir e enfrentar a xenofobia e o racismo no ambiente escolar.
Comunidade em Alerta
Os episódios chamaram a atenção da direção da escola, que expressou choque diante das ocorrências. Em um esforço para mitigar situações futuras, medidas de conscientização e inclusão estão sendo discutidas. Porém, os casos levantam a questão da eficácia das ações preventivas em áreas rurais de Portugal, onde a diversidade está aumentando, mas preconceitos enraizados ainda persistem.
Victor, descrito como um aluno exemplar e muito bem avaliado pelos professores, continuará frequentando a escola. Segundo o pai, o jovem é resiliente e focado em seus estudos, destacando-se em programação. “Ele é um garoto forte e resiliente. Sempre tento mostrar a ele o lado positivo da vida”, disse Heliomar.
Reflexão Necessária
Os recentes acontecimentos em Castelo de Paiva refletem um problema que vai além das fronteiras escolares. O crescimento da diversidade em Portugal trouxe à tona a necessidade de lidar com preconceitos que podem estar presentes, mesmo em comunidades menores. A xenofobia e o racismo enfrentados por jovens como Victor e outros estudantes luso-brasileiros são um lembrete urgente de que o combate ao preconceito começa com educação e diálogo, não apenas entre alunos, mas em toda a sociedade.
Autoridades e comunidades locais agora enfrentam o desafio de transformar a indignação em ações concretas para garantir que escolas sejam espaços de acolhimento, aprendizado e respeito para todos.