Investigadores da Universidade de Queensland, na Austrália, desenvolveram uma nova tecnologia de recolha de ADN ambiental transportado pelo ar (eDNA) que promete revolucionar a forma como se monitorizam espécies selvagens, particularmente aquelas em risco de extinção. Liderada pela Professora Associada Celine Frere, a equipa utilizou este método inovador para detetar a presença de animais como coalas, raposas e gambás nos seus habitats naturais, de forma mais acessível e eficaz.
Tradicionalmente, o rastreio de populações de animais selvagens utiliza ferramentas como drones, cães detetores e armadilhas fotográficas, que embora eficazes, são caras e trabalhosas. Em contraste, o novo método de eDNA aerotransportado permite identificar a presença de várias espécies a um custo muito inferior. Segundo Frere, a técnica é fácil de implementar, não invasiva e escalável, oferecendo uma solução promissora para a conservação da vida selvagem.
A investigação foi realizada em quatro locais na área de Redlands, onde se sabe que existem populações de coalas. Utilizando sistemas de recolha de ar equipados com gaze esterilizada, a equipa conseguiu capturar partículas de ADN presentes no ar. Estas amostras foram posteriormente analisadas com técnicas genéticas avançadas, permitindo a identificação das espécies presentes na área de estudo.
A tecnologia de eDNA tem sido usada com sucesso em ambientes aquáticos, mas a sua aplicação em habitats terrestres ainda está em fase inicial. No entanto, os resultados obtidos mostram grande potencial para a sua utilização em programas de conservação, fornecendo dados essenciais sobre a biodiversidade e a presença de espécies ameaçadas de forma menos dispendiosa.
Frere destaca que este método não só ajuda na deteção de espécies em risco como também permite o desenvolvimento de estratégias de gestão mais eficazes. A equipa de investigadores está agora a trabalhar na melhoria da relação custo-benefício do sistema e a explorar a sua aplicação em outras espécies ameaçadas na Austrália, como os planadores.
A investigação foi publicada no The Journal of Applied Ecology e promete ser um marco na monitorização e proteção de espécies selvagens, permitindo um rastreio mais eficiente e económico das espécies em perigo.