Por Filipe Pimentel
14:03 – 17 Janeiro 2025
Embora os humanos modernos (Homo sapiens) sejam conhecidos por sua dieta omnívora, que inclui tanto produtos de origem animal quanto vegetal, essa característica nem sempre fez parte da evolução humana. Uma investigação recente liderada pelo Instituto Max Planck de Química, na Alemanha, sugere que os australopitecos, antepassados humanos que viveram há cerca de 3,5 milhões de anos nas regiões austrais de África, tinham uma dieta predominantemente vegetariana.
Evidências Fossilizadas
Os pesquisadores analisaram o esmalte de dentes fossilizados de sete indivíduos australopitecos encontrados em uma gruta perto de Joanesburgo, África do Sul. Os resultados mostraram poucos indícios de consumo de carne. “O esmalte dentário é o tecido mais duro do corpo dos mamíferos e pode preservar uma impressão digital isotópica da dieta do animal por milhões de anos”, explica Tina Lüdecke, autora principal do estudo publicado na revista Science.
A análise dos isótopos de azoto contidos nos dentes revelou que a composição isotópica dos dentes desses australopitecos era semelhante à de animais herbívoros, sugerindo uma dieta quase exclusivamente vegetal.
Comparações com Outras Espécies
Ao contrário dos Neandertais, que surgiriam milhões de anos depois e tinham uma dieta mais rica em carne, os australopitecos parecem não ter incluído o consumo frequente de produtos de origem animal em sua alimentação. A equipe de investigação agora busca examinar fósseis de outras espécies de hominíneos para mapear a evolução das dietas humanas e determinar quando a carne começou a desempenhar um papel significativo.
Impacto Evolutivo do Consumo de Carne
O consumo de carne é frequentemente considerado um marco crucial na evolução humana. A ingestão de alimentos ricos em proteínas está associada ao aumento do volume cerebral e ao desenvolvimento de ferramentas, impulsionando uma revolução cognitiva. No entanto, o momento exato em que essa mudança dietética ocorreu permanece um mistério que os cientistas continuam a investigar.
Este estudo lança luz sobre as dietas dos primeiros hominíneos e abre caminho para novas descobertas sobre a transição para uma dieta mais rica em proteínas, um passo fundamental na história evolutiva da humanidade.