No âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala a 31 de maio, o Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão (GECP) lança a campanha “um cigarro a menos é um dia a mais”, que relembra o impacto que a decisão de deixar de fumar tem na direção de uma vida mais saudável.
O hábito de fumar, seja tabaco tradicional, aquecido ou cigarros eletrónicos, traz inúmeros malefícios para a saúde, tanto a curto como a longo prazo. O tabaco é a maior causa de morte evitável no mundo e, só em Portugal, é responsável por mais de 13.000 mortes por ano. Neste Dia Mundial Sem Tabaco, o GECP procura consciencializar a população, não só para os riscos do tabagismo, como também para os ganhos para a saúde que advêm da cessação tabágica.
Os benefícios para a saúde de quem deixa de fumar são muitos e começam a ser percebidos imediatamente. Após 20 minutos sem fumar, a pressão arterial e a frequência cardíaca voltam ao normal. Ao fim de 8 horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue caem para metade e os níveis de oxigénio aumentam. Após 48 horas, o paladar e o olfato começam a melhorar.
A longo prazo, os ganhos para a saúde são ainda mais significativos. Deixar de fumar não reduz apenas o risco de cancro do pulmão, como também diminui a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares e respiratórias, e o risco de AVC. Ao longo do tempo, a função pulmonar melhora e há diminuição da tosse e falta de ar. Ao fim de 10 anos sem fumar, o risco de desenvolver cancro do pulmão cai para 50%, enquanto que após 20 anos o risco de cancro do pulmão iguala ao de quem nunca fumou. Além disso, a qualidade de vida melhora, as pessoas sentem-se com mais energia e disposição para as atividades diárias.
Para o Dr. Daniel Coutinho, membro do GECP, “deixar de fumar pode ser um desafio, mas é uma escolha que vale a pena pelo bem-estar pessoal e pela saúde daqueles que estão ao nosso redor”. O tabagismo é uma dependência e, por isso, por vezes pode ser difícil parar. Para ajudar em todo este processo, o Dr. Daniel Coutinho recomenda fortemente o diálogo entre médico e doente, referindo que, “os profissionais de saúde, estão cientes da dificuldade que é deixar este hábito e estão disponíveis para aconselhar os doentes, seja através da prescrição de medicação para reduzir a vontade de fumar e os sintomas da abstinência, seja através de orientações sobre como mudar comportamentos e o estilo de vida de modo a evitar recaídas”, comenta.
Como em qualquer dependência, quando se deixa de fumar pode-se experienciar a síndrome de privação, causada pela falta da nicotina e que inclui sintomas como grande vontade de fumar, irritabilidade, ansiedade, depressão, dificuldade de concentração, aumento do apetite e insónias. “Embora estes sintomas sejam mais fortes nos primeiros 15 dias, depois vão melhorando, além do que a terapêutica de substituição da nicotina pode ajudar a controlá-los”, explica o pneumologista do C.H. de Vila Nova de Gaia/Espinho.
Mesmo em situações de um diagnóstico confirmado de cancro do pulmão é recomendável parar imediatamente de fumar. Um doente que abandone este vício tem mais hipóteses do tratamento ser bem sucedido, menos efeitos secundários, quer da cirurgia, quer da quimioterapia e radioterapia, e uma recuperação mais rápida dos tratamentos. Além disso, abandonar o hábito de fumar também diminui o risco de aparecimento de outros cancros relacionados com o tabaco e melhora a qualidade de vida do doente, fazendo com que se sinta menos cansado, com menos tosse, expetoração e falta de ar.
Sobre o cancro do pulmão:
O cancro do pulmão é dos cancros mais frequentes no Mundo. A sua incidência
aumenta a um ritmo de 0.5% por ano. Em Portugal, foram diagnosticados em 2020 cerca de 5 mil novos casos de cancro do pulmão, representando a terceira neoplasia mais frequente. É, no entanto, a principal causa de morte por doença oncológica no país, estimando-se ter causado 4.671 mortes em 2018.
Sobre o GECP:
O Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão surgiu no ano 2000 como resultado de uma ampla necessidade de juntar esforços na promoção do conhecimento em Oncologia Pulmonar. Reúne um grupo multidisciplinar de profissionais de saúde, mantendo estreitas ligações com outros grupos e sociedades científicas, universidades e organizações da sociedade civil.