Mário Cruz / Lusa
Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário da SIC, falou sobre a manifestação dos polícias, a TAP, as divergências entre Joacine e o Livre e as diferentes estratégias dos candidatos ao PSD.
O comentador começou por destacar que a situação na TAP é insustentável, olhando para as finanças da companhia aérea, alertando que há o risco de esta “bomba” poder “rebentar no bolso dos contribuintes”. De acordo com o ECO, mesmo a nível da estrutura acionista há problemas, sendo que estão a decorrer negociações para a saída de Neeleman para a entrada de outro acionista europeu.
Marques Mendes lembrou os prejuízos que a companhia tem vindo a apresentar: resultados líquidos negativos de 118 milhões de euros no ano passado, até setembro vai em 111 milhões, sendo que é provável que apresente prejuízos de 140 a 150 milhões no total do ano. “Isto é uma calamidade“, disse.
O comentador alertou para as emissões de dívida realizadas pela empresa. Segundo Marques Mendes, a TAP fez “três emissões de dívida este ano (janeiro, junho e novembro) em valores acima de 700 milhões de euros. Isto é muito preocupante”, salientando o elevado custo suportado na operação destinada apenas a investidores institucionais. Pagou quase 6%. “É demasiado. A Bloomberg diz que empresas semelhantes pagam 2,4%”, nota, acrescentando que o custo médio da dívida da TAP é de 3,7%.
Depois, há ainda conflitos entre acionistas. “As relações entre o acionista americano e o acionista de Estado é má e entre o acionista americano (David Neeleman) e o acionista privado português (Humberto Pedrosa, da Barraqueiro) também não é muito melhor”, disse, classificando a TAP como uma “bomba” que “pode rebentar”. “Onde? No bolso dos contribuintes”, respondeu.
“Eu bem disse que esta deputada estava deslumbrada”
Marques Mendes também comentou a situação no Livre com palavras duras para Joacine Katar Moreira, que classificou mesmo como “o pior da semana”, de acordo com o Observador. “Eu bem disse na semana passada que esta deputada estava muito deslumbrada com o seu lugar e que tinha divergências com o seu partido. Mais cedo ou mais tarde, isso se vê”, declarou o antigo líder do PSD.
Rodrigo Antunes
Joacine Katar Moreira, deputada única do Livre
Marques Mendes sublinhou que com a exposição desta divergência “em praça pública”, a situação complica-se para a deputada e para o Livre. “Está aí na praça pública um sério problema. Para início de mandato, não podia correr pior”, decretou.
Na semana passada, o comentador tinha destacado que o Livre é atualmente “uma incógnita”, apontando para as diferenças de discurso e posicionamento político entre o Livre no Parlamento e o “Livre de Rui Tavares”, fazendo notar o radicalismo no discurso da deputada Joacine Katar Moreira.
“Os polícias têm toda a razão”
Marques Mendes falou também ligação do Movimento Zero ao Chega do André Ventura, ao dedicar uma parte do seu espaço para falar sobre a manifestação dos polícias, que destacou por ter decorrido de forma “tranquila, pacífica, sem violência, sem violação da lei”. Segundo o comentador, “os polícias têm toda a razão” nas suas reivindicações e considerou que o Governo necessita de ceder, até porque este mandato “vai ser mais difícil”. “As corporações estão muito mais exigentes”, resumiu.
José Sena Goulão / Lusa
André Ventura, líder do Chega, com a t-shirt do Movimento Zero
Por outro lado, criticando “o aproveitamento político da manifestação por parte do Chega e de André Ventura”, líder do Chega, disse também que a situação é “péssima” para os agentes da polícia. “Ficam conotados com uma área política e isso retira-lhes credibilidade e autoridade”, sentenciou.
A corrida à liderança do PSD
O antigo líder do PSD aproveitou ainda para falar sobre a corrida à liderança dentro do seu próprio partido. “Cada vez acho mais provável que isto vá conduzir a uma eleição a duas voltas”, disse.
Segundo Marques Mendes, quando há muitos candidatos, os votos dividem-se bastante. Além disso, Rui Rio pode ter vantagem na primeira volta, mas reduz o seu espaço de manobra e pode ficar em 3.º lugar na distrital de Lisboa, depois de Pinto Luz e Montenegro, explicou.
Apesar dessa previsão, Marques Mendes não crê que esse seja um mau resultado para Miguel Pinto Luz, porque considera que o candidato está a apostar no futuro. “Seja para um dia ser candidato à Câmara de Lisboa, seja para ter uma posição forte num futuro Governo PSD, seja para eventualmente voltar a ser candidato à liderança”, aposta.
Para o comentador, Miguel Pinto Luz quis “marcar posição: fez a sua apresentação esta semana com sucesso, teve impacto, apoios internos e da sociedade civil”. Já Montenegro apostou em “falar com as bases porque quem vota não são os eleitores, são as bases” e quis “separar as águas para se distanciar de Rui Rio”.
Quanto ao atual líder, Rui Rio, “está a tentar tirar partido dos palcos que tem”. Está a “marcar oposição ao Governo” e a tentar “passar para segundo plano os resultados eleitorais”, o seu ponto fraco. Para Marques Mendes, terá o apoio de peso de Paulo Rangel.