Uma nova crise económica e financeira a nível global pode ter efeitos dramáticos para as famílias portuguesas, levando à perda de metade dos seus rendimentos. Esta é a previsão da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).
No “Economic Outlook”, o relatório de Outono da OCDE, refere-se que Portugal está entre os países mais fragilizados quanto ao impacto económico que uma nova crise mundial pode ter para as famílias.
A análise da OCDE tem por base os “estabilizadores automáticos orçamentais” que permitem “absorver” as consequências negativas de condições económicas mais difíceis, protegendo os rendimentos das famílias. Estão em causa indicadores como os apoios sociais e os subsídios de desemprego, por exemplo.
Um cenário de nova crise mundial deixaria apenas 50,8% dos rendimentos das famílias portuguesas protegidas pelos referidos “estabilizadores automáticos orçamentais”. Isto significa que “perderiam, em média, quase metade do seu rendimento disponível pré-crise (49,2%)”, como atesta o Dinheiro Vivo.
Portugal está entre os países que seria mais afectado entre os 23 estudados. A perda de rendimentos ronda os 41% no total dos países analisados.
Entre os estabilizadores considerados no relatório, o dos impostos directos é o que tem maior repercussão, já que havendo menor cobrança, fruto do aumento do desemprego e/ou de salários mais baixos, ajudaria a “preservar 35% do rendimento médio auferido pelas famílias (antes da crise)”, como atesta o Dinheiro Vivo, citando o relatório da OCDE.
As contribuições para a Segurança Social ajudariam a “manter mais de 9% do rendimento médio familiar” e os apoios sociais, como o subsídio de desemprego e os apoios à habitação para agregados familiares desfavorecidos, garantiriam uma protecção de “quase 7% do rendimento”, de acordo com a mesma fonte.
Em pior situação do que Portugal estão a Grécia, onde os estabilizadores suportam somente 37% do impacto de uma crise, e o Japão, com 39%.
Os países mais protegidos são a Holanda, onde as perdas seriam de apenas 20% do rendimento, e a Alemanha, com 21%.