A Polícia Judiciária (PJ) fez buscas, esta quinta-feira, a vários bancos, entre os quais o Banco Montepio e a sua acionista, a Associação Mutualista Montepio Geral, e ao BNI Europa, banco português com capitais angolanos.
Ambas as instituições bancárias confirmaram as buscas ao longo do dia de ontem.
A imprensa nacional avança revela esta sexta-feira que os alvos das buscas eram negócios que envolviam o empreiteiro José Guilherme, que ficou conhecido por “oferecer” milhões de euros ao antigo líder do BES, Ricardo Salgado, conta o semanário Expresso, que precisa que a “prenda” terá sido de 14 milhões de euros.
Na mira da Justiça estão factos que remontam entre 2011 e 2014, quando o Montepio e a Associação Mutualista eram dirigidos por Tomás Correia. Tratam-se de vários empréstimos do banco a José Guilherme, bem como ao seu filho e a pessoas próximas da família.
No centro do processo, detalha o jornal Público, estão vários empréstimos concedidos no final de 2013 pelo Finibanco Angola, uma sucursal do Montepio, a pessoas próximas do empreiteiro para comprar Unidades de Participação (UP) de um fundo constituído pela então Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), agora Banco Montepio.
O objetivo da operação passava por injetar 200 milhões de euros de fundos próprios no banco, para que os rácios que lhe eram exigidos fossem cumpridos, escreve o matutino, dando conta que, por este mesmo motivo, era importante para o banco liderado por Tomás Correia que a operação em causa fosse bem-sucedida.
Os investigadores suspeitam que o dinheiro fosse do próprio banco, frisa a Renascença.
Uma auditoria interna ao banco, noticiada em 2018 pela RTP, dava conta que entre os os subscritores das UP se destacavam três pessoas que detinham quase 16% do total emitido: o filho do empreiteiro, Paulo Guilherme, o sogro deste, Eurico Brito, e a filha de um outro construtor amigo de José Guilherme, Maria Rodrigues.
Tal como sintetiza a SIC Notícias, o Montepio terá servido para lavar dinheiro angolano.
“Não faço ideia do que se trata”
Em causa estão “factos suscetíveis de enquadrar a prática de crimes de burla qualificada, branqueamento e fraude fiscal qualificada”, referiu a Procuradoria-Geral da República esta quinta-feira em comunicado, no qual confirmava as buscas, que chegaram à casa de Tomás Correia, bem como à habitação de José Guilherme em Portugal.
Em declarações ao jornal Eco, Tomás Correia, ex-presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, diz desconhecer o teor das buscas. “Não faço a mais pequena ideia do que se trata”. E acrescenta: “Não sou arguido em coisa nenhuma.”
Sabe o Expresso que o inquérito, aberto já em 2015, não tem ainda arguidos.