Volodymyr Zelensky afirmou que representantes da Ucrânia e dos Estados Unidos se reunirão para negociações de paz na Arábia Saudita na próxima segunda-feira, depois de o Kremlin confirmar conversações entre os EUA e a Rússia no mesmo dia. O líder ucraniano declarou que o presidente russo, Vladimir Putin, ‘deve parar de fazer exigências desnecessárias que apenas prolongam o conflito’. As pretensões de Moscovo incluem o fim total do apoio militar à Ucrânia. Zelensky também alertou que retirar a adesão da Ucrânia à NATO da mesa de discussões – algo que Putin considerou inegociável para a paz – seria ‘um grande presente para a Rússia’. Além disso, rejeitou as alegações da Casa Branca de que teria discutido a cedência das centrais nucleares ucranianas aos EUA durante uma chamada com o ex-presidente Donald Trump.
As mais recentes negociações ocorrem enquanto os EUA tentam mediar um cessar-fogo entre os dois países após mais de três anos de conflito. Tanto Zelensky como Putin concordaram, em princípio, com um cessar-fogo durante conversações com os Estados Unidos – mas este ainda não se materializou devido a condições contraditórias. O líder russo concordou recentemente em parar os ataques aéreos a infraestruturas energéticas – mas esses bombardeamentos de ambos os lados continuaram. Zelensky afirmou que uma delegação ucraniana entregará aos EUA uma lista de instalações que deseja ver protegidas dos ataques russos durante as conversações de segunda-feira. Questionado sobre a Casa Branca ter sugerido a possível aquisição das centrais nucleares ucranianas pelos EUA, numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, em Oslo, Zelensky rejeitou totalmente essa hipótese. Disse que os dois discutiram a central de Zaporizhia – atualmente sob controlo russo – na sua chamada com Trump, mas sublinhou que ‘todas as centrais nucleares pertencem ao povo da Ucrânia’. No entanto, afirmou estar aberto à possibilidade de os EUA retirarem a central do controlo russo para investir ou modernizar. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, já tinha afirmado que a posse dos EUA ‘seria a melhor proteção para essa infraestrutura’. Questionado sobre estar disposto a fazer concessões territoriais à Rússia, em particular na Crimeia, que está sob controlo russo desde 2014, Zelensky respondeu: ‘Essa é uma península ucraniana’, acrescentando que a Crimeia é uma ‘parte integrante’ do seu país. A Crimeia é reconhecida internacionalmente como parte da Ucrânia, apesar da ocupação e da alegada anexação pela Rússia. Quando perguntado sobre como seria um cessar-fogo, Zelensky afirmou que a primeira etapa teria de ser um cessar-fogo em terra e no mar, já que a Ucrânia vê isso como a única forma de travar a agressão russa. Trump conseguiu obter um acordo para um cessar-fogo nas infraestruturas energéticas – que a Rússia tem atacado repetidamente – de Putin numa chamada na terça-feira, mas nada mais.