O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o líder ucraniano Volodymyr Zelensky de prejudicar as tratativas diplomáticas de paz, após este afirmar que Kiev não aceitará a soberania russa sobre a Crimeia.
Por meio de uma publicação na plataforma Truth Social, Trump alegou que um entendimento para encerrar o conflito estava “muito próximo”, mas que a recusa de Zelensky em aceitar as condições americanas “não fará nada além de prolongar” os confrontos.
Anteriormente, o vice-presidente norte-americano JD Vance havia delineado o plano dos Estados Unidos para um possível acordo, mencionando que ele congelaria as delimitações territoriais “próximas de onde estão atualmente”.
A Ucrânia, no entanto, reafirmou que não abrirá mão da Crimeia, tomada pela Rússia em 2014 de forma considerada ilegal pela comunidade internacional. Vance afirmou que o eventual acordo exigiria concessões territoriais de ambas as partes envolvidas.
Apesar das declarações, a administração ainda não apresentou detalhes concretos sobre quais regiões poderiam ser cedidas como parte do arranjo.
Ao ser questionado na Casa Branca sobre a possibilidade de reconhecer a ocupação russa da Crimeia, Trump se limitou a dizer que seu objetivo é encerrar os confrontos. “Não tenho preferências. Só quero ver o fim da guerra”, declarou.
Para Zelensky, aceitar a soberania russa sobre a península seria inaceitável politicamente e violaria os princípios legais do pós-guerra, que determinam que as fronteiras não devem ser alteradas mediante uso da força. “Não há espaço para negociação nesse ponto. Isso contraria a nossa constituição”, declarou o presidente ucraniano.
As declarações refletem mais um episódio da relação turbulenta entre Trump e Zelensky. Em fevereiro, os dois tiveram um embate acalorado durante uma reunião na Casa Branca.
Trump, que em sua campanha alegava que conseguiria encerrar o conflito entre Ucrânia e Rússia em apenas um dia, admitiu nesta quarta-feira que tem encontrado mais facilidade em dialogar com Moscou do que com Kiev. “Achei que seria mais simples tratar com Zelensky. Até agora, tem sido mais complicado”, afirmou.
Há possibilidade de que Trump e Zelensky se encontrem novamente durante o funeral do Papa Francisco, previsto para este sábado, ocasião em que diversos chefes de Estado estarão presentes.
Apesar do desejo declarado de encerrar o conflito, a trégua continua fora de alcance, mesmo com Trump se aproximando dos 100 dias de mandato. “O presidente está frustrado”, revelou a secretária de imprensa Karoline Leavitt. “Sua paciência está se esgotando.”
Vance alertou que os Estados Unidos podem se retirar das negociações caso Rússia e Ucrânia não avancem rumo a um entendimento – reforçando declarações recentes do próprio Trump e do secretário de Estado Marco Rubio.
Diante da aceleração dos esforços diplomáticos, autoridades americanas optaram por não comparecer a um encontro em Londres, priorizando conversas em Moscou que visam, segundo fontes próximas, intensificar a tentativa de pôr fim à guerra.