A recente ofensiva ucraniana na província russa de Kursk trouxe uma nova dinâmica ao conflito, surpreendendo tanto analistas quanto o governo russo. A Ucrânia, que se defende da invasão russa desde o início do conflito, agora conseguiu ocupar 100 localidades e controlar 1.294 quilômetros quadrados dessa região fronteiriça. Desde o começo da ofensiva, há três semanas, Kiev alega ter capturado 594 soldados russos.
Além disso, nesta quarta-feira, forças ucranianas realizaram ataques a depósitos de combustível em duas províncias russas, incluindo um ataque a uma cidade localizada a mais de mil quilômetros da fronteira. Moscovo afirmou ter encontrado munições de origem norte-americana a apenas cinco quilômetros de um complexo estratégico, acusação que Kiev nega, embora admita que está usando a ocupação da província de Kursk como uma possível moeda de troca em futuras negociações de paz. Um plano de paz específico, no entanto, ainda não foi apresentado, e o Kremlin já expressou sua rejeição a essa abordagem.
Maria João Tomás, comentadora da SIC, observou que essa ofensiva da Ucrânia é uma grande surpresa, especialmente porque se trata do país invadido agora avançando em território do país invasor. Ela destacou que este pode ter sido um momento estratégico ideal para a Ucrânia realizar tal incursão, mas ressaltou que o impacto a longo prazo dessa ação ainda precisa ser avaliado.
A incursão ucraniana em território russo pode mudar os rumos do conflito, desestabilizando a confiança russa e gerando uma necessidade de revisão das estratégias de Moscovo. Ao mesmo tempo, Kiev demonstra sua capacidade de contra-ataque, o que poderia influenciar as negociações futuras e reequilibrar o poder de barganha entre as partes envolvidas.