A mineração em mar profundo refere-se à extração de minérios a partir de áreas do oceano que começam a partir dos 200 metros de profundidade, alcançando até 4.000 metros. Este processo envolve a exploração de minerais como cobre, cobalto, manganês, ferro, níquel, ouro e lítio, que são encontrados em nódulos polimetálicos, fontes hidrotermais e sulfetos de cobre e níquel. A técnica utilizada é diferente da mineração terrestre; em vez de escavações na superfície, são empregadas máquinas que raspam o fundo marinho a uma profundidade de 10 a 20 centímetros, coletando nódulos do tamanho de uma bola de ténis que são então enviados para um navio-mãe para a separação dos metais do sedimento. O sedimento retornado ao oceano pode ter efeitos prejudiciais.
A mineração em fontes hidrotermais, que liberam águas ricas em metais a altas temperaturas, pode destruir esses ecossistemas vitais. As fontes são hotspots de biodiversidade, sustentando vida adaptada a condições extremas. A destruição e aspiração desses depósitos têm impactos significativos, como a liberação de grandes quantidades de CO2 armazenadas nos sedimentos, alterações nas características geoquímicas do fundo marinho e a formação de plumas de sedimentos que afetam a vida marinha. Além disso, o ruído e a luz dos equipamentos de mineração podem desorientar e prejudicar a comunicação de espécies como baleias.
A mineração em mar profundo enfrenta críticas por seus impactos ambientais e pela destruição irreversível dos ecossistemas marinhos. Ana Matias, da ONG Sciaena, argumenta que a transição para tecnologias limpas e a reciclagem de baterias deveriam ser prioridades, em vez de explorar ambientes tão frágeis. A Autoridade para os Fundos Marinhos (ISA), que regulamenta a mineração em áreas além da jurisdição nacional, recentemente elegeu a oceanógrafa brasileira Letícia Carvalho como nova secretária-geral. Este cargo é crucial para a preservação dos ecossistemas marinhos e a criação de regras para a exploração dos minerais raros existentes no fundo do mar.
Enquanto a Noruega se tornou o primeiro país a aprovar a extração mineira em mar profundo, 27 países pedem uma pausa na mineração até que mais dados sobre os impactos sejam obtidos. Em Portugal, foi aprovada uma moratória até 2050 para a mineração em mar profundo, mas ainda não há uma resposta oficial do governo atual sobre a aplicação dessa moratória, deixando incertezas sobre o futuro da mineração no fundo do mar.