As evidências presentes nos textos antigos que relatam a vida de Jesus sugerem que era um dos poucos homens alfabetizados na Judeia e que deveria saber ler, escrever e entender mais do que uma língua: aramaico, hebraico e grego.
De acordo com o Ancient Origins, os evangelhos não fornecem evidências definitivas sobre a língua falada por Jesus de Nazará. Porém, há evidências no Evangelho de Lucas que sugerem que Jesus, apesar de humilde, teve uma boa educação e, mesmo em tenra idade, tinha um excelente entendimento das escrituras judaicas.
Jesus viveu na província romana da Judeia durante o início do século I, quando já era uma área étnica e linguisticamente diversa. Estima-se que apenas 5 a 10% da população da Judeia no primeiro século fosse alfabetizada. Embora as evidências sugiram que Jesus era alfabetizado, é improvável que os seus discípulos também o fossem.
A língua da Judeia era o aramaico, uma língua semítica ainda falada hoje pela pequenas comunidades de Israel. A maioria dos historiadores e estudiosos da Bíblia concorda que Jesus e os seus discípulos falavam o dialeto galileano do aramaico. As palavras aramaicas estão presentes nas traduções para o inglês do Novo Testamento, acrescentando que eram de origem aramaica.
Há também evidências nos textos antigos de que Jesus era bilíngue. O Evangelho de Lucas relata como Jesus visitou uma sinagoga e leu uma passagem da Torá, o que implica que Jesus conseguia ler e entender o hebraico, a linguagem do Antigo Testamento, que não é mutuamente inteligível com o aramaico. Alguns estudiosos também argumentaram que poderia falar grego, o que explicaria as longas conversas que Jesus teve com Pôncio Pilatos.
Por outro lado, relata o Ancient Origins, passagens do Novo Testamento sugerem que Jesus sabia escrever. No Evangelho de João, um grupo de padres judeus arrastou uma mulher apanhada a cometer adultério diante de Jesus e perguntou se a deviam apedrejar pelo crime como o ordenado por Moisés. Se Jesus concordasse, estaria a contradizer os seus ensinamentos. Se discordasse, estaria a violar a lei judaica e a contradizer um dos profetas de Deus. Então, Jesus escreveu calmamente algo no chão antes de dizer “quem está sem pecado entre vós, que atire a primeira pedra”. Depois de ouvir isto, os sacerdotes e a multidão perceberam que todos eram pecadores e deixaram a mulher em paz.
Não está registado nos evangelhos ou nos textos gnósticos o que Jesus escreveu no chão. Como os evangelhos não registaram o que Jesus escreveu implica que os discípulos eram analfabetos ou, pelo menos, não sabiam ler a linguagem que Jesus estava a usar.
O terceiro exemplo que mostra que Jesus era alfabetizado vem de fora da Bíblia e pode ter sido escrito pelo próprio, relata o Ancient Origins. A correspondência entre Abgar V de Edessa e Jesus está entre as áreas mais interessantes da erudição cristã primitiva.
Abgar foi rei de Osroene no início do século I e é lembrado como um dos primeiros reis cristãos, mesmo durante a vida de Jesus, depois de ter sido convertido por Thaddeus de Edessa, um dos 70 discípulos. A carta de resposta de Jesus a Abgar é importante para os estudiosos da Bíblia, pois, se for autêntica, seria o único documento escrito por Jesus que sobreviveu até à atualidade.
Porém, estes dois últimos exemplos não podem ser totalmente confirmados. A passagem que fala sobre Jesus a escrever no chão não é encontrada nas cópias mais antigas do Evangelho de João e não aparece nos Papiros 66 e 75. A história também não é encontrada no Codex Sinaiticus ou no Codex Vaticanus. A cópia mais antiga dessa história vem do Codex Bezae, escrito no século V.
Além disso, a autenticidade da correspondência entre o rei Abgar e Jesus é discutível. O exemplo mais antigo conhecido vem dos escritos do bispo Eusébio no século IV, que alegou apenas ter visto uma cópia e a Igreja Católica nunca a considerou autêntica.
Assim, segundo as evidências da Bíblia, Jesus terá sido alfabetizado. No entanto, permanece uma pergunta: se Jesus fazia parte da população alfabetizada de elite da Judeia, porque é que não escreveu nada?