Localizada a 212 anos-luz de distância na constelação de Hércules, a deteção da BDR J1750 + 3809 pode ajudar na busca por exoplanetas habitáveis.
Uma equipa de astrónomos usou, pela primeira vez, observações de radiotelescópio para descobrir uma anã castanha fria, também conhecida como “superplaneta” ou “estrela falhada”. BDR J1750 + 3809 é o primeiro objeto subestelar detetado através de observações de rádio.
“As ondas de rádio emitidas pelas anãs castanhas transportam informação sobre a força do seu campo magnético. Até agora, as observações por rádio puderam medir apenas os campos magnéticos fortes”, explicou o líder do estudo, Harish Vedantham.
A estrela falhada, apelidada de “Elegast”, foi identificada pela primeira vez usando dados do telescópio Low-Frequency Array (LOFAR) na Europa, e mais tarde confirmada com os telescópios Gemini International Observatory e NASA Infrared Telescope Facility.
Segundo o Europa Press, a descoberta direta deste tipo de objetos com radiotelescópios sensíveis como o LOFAR é um avanço significativo, porque prova que os astrónomos podem detetar objetos muito frios e fracos e até detetar exoplanetas gigantes gasosos flutuantes.
O artigo científico foi publicado no The Astrophysical Journal Letters.
A BDR J1750+3809 está localizada a 212 anos-luz de distância, na constelação de Hércules. Através da análise do brilho espectral de rádio da estrela falhada, os cientistas acreditam que BDR J1750+3809 possa ter um companheiro próximo, o que torna esta descoberta ainda mais significativa.
As anãs castanhas ocupam a fronteira entre os planetas maiores e as estrelas mais pequenas. São chamadas de “estrelas falhadas” porque não têm massa para desencadear a fusão do hidrogénio nos núcleos e, em vez disso, brilham em comprimentos de onda infravermelhos com o calor que sobra da sua formação.
Também conhecidas como “superplanetas“, as anãs castanhas possuem atmosferas gasosas que se assemelham aos planetas gigantes gasosos do nosso Sistema Solar.
Objetos como BDR J1750+3809 destacam-se em imagens de rádio polarizadas devido ao campo elétrico das ondas de rádio, que emitem com um padrão característico circular quando se propagam, um fenómeno chamado polarização circular.
Com este método, seria possível identificar também os gigantes exoplanetas gasosos errantes, ou seja, aqueles que não orbitam em torno de uma estrela. “O nosso grande objetivo é entender o magnetismo nos exoplanetas, os seus impactos e a capacidade de hospedar vida”, resumiu Vedantham.