A pandemia do novo coronavírus (covid-19), que obrigou milhares de escolas a encerrar em todo o mundo e a funcionar preferencialmente online, pode prejudicar o percurso destes alunos durante anos.
Apesar de os efeitos a longo prazo não serem ainda conhecidos, o portal Wired relata que encerramentos de escolas noutros tempos de exceção, que incluem desastres naturais, como o furacão Katrina (2005), ou outros surtos virais, fez com que menos alunos concluíssem o ensino secundário e superior.
Nesta mesma altura, também menos estudantes conseguiram arranjar um emprego.
E, se podemos tomar a história recente como um indicador, os alunos das comunidades mais pobres são os mais vulneráveis, frisa o portal Futurism.
A título de exemplo, nos Estados Unidos, os alunos que frequentam escolas particulares têm maior probabilidade de terem um dia completo de aulas online. Mas esta situação ocorre apenas em 10% das escolas públicas norte-americanas.
Alunos com menos possibilidades financeiras e em áreas mais pobres estão a ter uma hora de aulas por dia, segundo relatos dos professores.
“Infelizmente, [esta situação] está na categoria dos estudos empíricos que confirmam o óbvio (…) Quando as pessoas não vão à escola, não aprendem tanto e, quanto menos tempo passarem nas escolas, menos aprendem”, disse ao Wired Sam Sims, cientista do Instituto de Educação do University College London (UCL).
Os mesmos cientistas e especialistas que acreditam que o encerramento de escolas pode “atrasar” os alunos durante anos estão agora a tentar perceber o impacto psicológico que a pandemia de covid-19 terá sobre os alunos que são obrigados a ficar em casa durante períodos formativos da sua infância.
“Existem diferenças de desenvolvimento na forma como as crianças são afetadas pela dor e pela perda, bem como pela forma como as entendem”, concluiu à Wired a professora do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Louisiana, Joy Osofsky.