O fungo Aspergillus fumigatus é facilmente encontrado na cavidade nasal de algumas espécies de cães, e este pode ser potencialmente perigoso para os animais e também para os humanos que os rodeiam.
Segundo o Phys, o fungo que alguns cães carregam no nariz desenvolve-se dentro do mesmo, mas as mudanças genéticas indicam que o fungo acaba por se adaptar ao animal.
Os investigadores da Universidade de Utrecht obtiveram novas conclusões numa pesquisa sobre infeções naturais em cães. O estudo foi publicado a 12 de novembro na Nature Biofilms and Microbiomes.
O Aspergillus fumigatus causa uma inflamação da cavidade nasal em cães, que pode espalhar-se para a cavidade frontal. Os fungos formam um biofilme na superfície do epitélio, que pode levar a uma reação inflamatória grave e às vezes crónica, podendo até crescer no cérebro se o cão não for tratado a tempo.
“Descobrimos que o cão e o fungo estão a lutar por nutrientes. O fungo suprime o sistema imunológico do cão”, refere Hans de Cock, um dos autores do estudo.
O investigador explica que a equipa analisou que “fungo se adapta geneticamente ao hospedeiro durante o crescimento, o que permite que o fungo sobreviva melhor nas cavidades do cão”.
Esta é a primeira vez que os cientistas estudaram este tipo de fungo em infeções naturais em cães, por isso nenhum animal esteve envolvido na experiência. A pesquisa foi feita com cães que foram levados ao veterinário com uma infeção, sendo que remover o fungo era uma parte padrão do tratamento. Este método permitiu que a equipa estudasse a grande variação genética e descobrisse a adaptação do fungo.
“Com as análises de expressão genética, ganhamos uma visão sobre as defesas do cão e o comportamento do fungo, tanto ao nível de expressão genética, como na evolução do paciente”, afirma De Cock. “Esta pesquisa mostra que o estudo das infeções naturais é uma alternativa às experiências com animais de laboratório”.
Estudos anteriores mostraram que certas raças de cães são mais suscetíveis a esse fungo – incluindo os labradores retriever e os golden retriever, devido à sua predisposição genética. O estudo oferece agora alternativas para melhorar o tratamento do fungo em cães.
Contudo, este fungo também causa problemas graves nos humanos, e a equipa deixa um alerta. “Este é um dos quatro fungos responsáveis por 1,5 milhão de mortes entre pessoas em todo o mundo. Por isso, queremos descobrir o máximo de informação possível sobre eles”, concluem.