Carga viral e evolução da infeção são dois fatores que estão a fazer disparar a mortalidade por covid-19 entre homens, revela um novo estudo.
Estatisticamente falando, homens e mulheres têm uma probabilidade semelhante de contrair covid-19, mas os homens enfrentam um maior risco de morte. Se a juntar a isto, o paciente tiver mais de 65 anos, é uma receita que pode ser literalmente fatal.
Um novo estudo sugere que as mortes associadas à idade e ao sexo são influenciadas por variadas resposta imunológicas ao SARS-CoV-2, o vírus causador da covid-19. Essas respostas podem depender de dois elementos críticos: carga viral e evolução da infeção. Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista científica PLOS Biology.
Em declarações à Inverse, o autor da investigação, Alex Greninger, disse que esta descoberta pode levar ao desenvolvimento de melhores tratamentos para a covid-19 no futuro.
“Precisamos de descobrir uma maneira de induzir essa resposta imunológica no início da doença para interromper a replicação viral”, disse o especialista.
A equipa de investigadores analisou as amostras de 430 zaragatoas que continham o SARS-CoV-2 e de 54 que não tinham o vírus. Isto permitiu que os cientistas vissem exatamente onde o vírus se está a replicar para perceber a resposta imune inata ao vírus onde é mais importante”, explicou Greninger.
Os cientistas descobriram então que as respostas das células imunológicas não foram ativadas até três dias após a infeção ter ocorrido. Por sua vez, cargas virais também causaram a flutuação da composição e funcionamento destas células.
Segundo a Inverse, as respostas severas observadas entre homens e idosos foram motivadas especialmente pela quantidade de vírus presente.
Interferões são as proteínas produzidas pelas células que se encontram infetadas por um vírus, e que tornam estas células resistentes a qualquer outra infeção vírica. Os cientistas acreditam que o timing da resposta destas células influencia a evolução da covid-19 num paciente.
Após observação, os investigadores verificaram que os genes responsivos aos interferões foram encontrados com mais frequência nas amostras de homens mais velhos. “Foi esmagadoramente a carga viral que impulsionou essa resposta”, explicou o autor do estudo à Inverse.
A equipa também encontrou 19 genes que poderiam explicar as diferenças na resposta à infeção entre sexos, embora, segundo Greninger, estes genes “eram um bocado independentes da ampla resposta antiviral”.