Uma nova investigação analisou como é que dois gatos selvagens se alimentaram de cadáveres humanos. Os animais mostraram preferência por corpos específicos ao longo de vários dias.
No Forensic Investigation Research Station, no estado norte-americano do Colorado, os cientistas estudam como é que funciona a decomposição de cadáveres humanos. Para isso, existem restos mortais no exterior que são monitorizados através de câmaras.
Foi assim, conta o Science Alert, que os investigadores se aperceberam de dois gatos selvagens que se esgueiravam para o interior deste centro de pesquisa para se alimentarem de certos cadáveres.
Curiosamente, ambos pareciam ter uma preferência e foram observados, ao longo de várias semanas, a dirigir-se a corpos específicos. O primeiro gato começou a visitar o cadáver de uma mulher de 79 anos, cujo corpo havia sido refrigerado antes de ser levado para a instalação e colocado ao ar livre.
Os danos no cadáver indicavam que o animal concentrou a sua atenção nos tecidos moles do braço esquerdo e do peito — principalmente pele e gordura — perto de onde as agulhas haviam sido colocadas sob a pele para fins de pesquisa.
Por razões não relacionadas, foi colocada uma jaula sobre este corpo durante uma semana, fazendo com que o gato não conseguisse chegar a ele. Depois de a jaula ter sido removida, o gato voltou a alimentar-se dele, quase todas as noites, durante 35 dias.
O segundo gato visitou o cadáver autopsiado de um homem de 70 anos. O animal alimentou-se da zona ao longo da incisão da autópsia no ombro esquerdo, comendo os tecidos moles do braço esquerdo, do ombro e do abdómen.
O gato voltou durante 10 de 16 noites, desapareceu durante cerca de um mês e depois regressou ao corpo por mais duas noites consecutivas. Tal como o outro felino, não mostrou interesse em nenhum dos outros cadáveres.
“Nos dois casos relatados, os gatos selvagens tiveram como alvos áreas nas quais a pele já tinha sido previamente penetrada”, escreveram os cientistas no estudo publicado, em novembro passado, na revista científica Journal of Forensic Sciences.
“Ambos mostraram preferência por corpos em decomposição relativamente precoce. O seu interesse começou quando os corpos mostraram sinais precoces de decomposição e terminou no início da decomposição húmida. A interrupção no início da decomposição húmida pode ser explicada pela preferência dos felinos por tecidos frescos”, lê-se ainda.
Embora pareça um bocado macabra, esta investigação é importante para estabelecer os perfis de comportamento destes scavengers (“catadores”) e ajudar os investigadores a distinguir entre tecidos perimortem e postmortem.