Dezenas de milhares de focas bebés nascem todos os anos na Ilha Bogoslof, um pequeno pedaço de terra nas Ilhas Aleutas do Alasca – que também é a ponta de um vulcão ativo subaquático.
Depois de várias décadas a serem procuradas por comerciantes norte-americanos e russos, a população de focas do norte do Alasca lutou muito para sobreviver. Os animais habitam, normalmente, as águas do Oceano Pacífico, da Califórnia ao Japão, e foram classificadas como “vulneráveis” pela União Internacional para Conservação da Natureza durante, pelo menos, duas décadas.
O que faz esta população crescer numa zona que contém um vulcão ativo – que entrou em erupção em 2017 – é ainda mais surpreendente, nota o All That’s Interesting.
As focas foram vistas pela primeira vez na ilha Bogoslof em 1980. Os animais usaram a ilha rochosa como ponto de encontro temporário, mas nos últimos anos começaram a reproduzir-se neste lugar.
Segundo a Associated Press, os biólogos estimaram uma taxa de crescimento anual de pouco mais de 10%, para aproximadamente 28.000 crias na ilha em 2015. Este ano, devem nascer mais de 36.000 crias na ilha.
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Embora a ilha não seja um local totalmente incomum para as focas do norte habitarem, os cientistas estão perplexos com o motivo pelo qual estes animais estão a transformar a volátil ilha vulcânica no seu novo lar, em vez de escolherem outras ilhas desabitadas.
A Ilha Bogoslof – também conhecida pelos seus nomes indígenas Agashagok, Tanaxsidaagux e Agasaagux – é a ponta de um vulcão subaquático com apenas cerca de 800 metros quadrados. O centro da ilha abriga um campo de fumarolas – aberturas que lançam gás quente – que rugem “como motores a jato”, e gêiseres quentes que se espalham a vários metros de altura, conta o geofísico Chris Waythomas.
As últimas erupções do vulcão aconteceram em 2016 e 2017, e deixaram a ilha coberta de rochas e detritos eliminando toda a sua vegetação. “A superfície é coberta com grandes blocos balísticos, alguns com 10 metros de comprimento, que foram explodidos pela abertura de ventilação”, descreve Waythomas. “Estes blocos cobrem a superfície. É muito selvagem.”
Tom Gelatt, biólogo da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, questionou-se sobre o motivo pelo qual as focas do norte estão a escolher este lugar para dar à luz e colocou uma hipótese em cima da mesa: a conveniência.
Estes animais vão caçar a águas profundas muito próximas, que são abundantes em lulas e peixes de língua lisa – os seus alimentos favoritos. Isso faz com que as focas deem à luz naquele lugar.Além disso, Bogoslof está muito mais perto das suas áreas de alimentação de inverno, reduzindo o risco de novas crias sofrerem com as tempestades do Mar de Bering para chegar às áreas.
No entanto, as focas podem estar a escolher uma zona perigosa, uma vez que há sinais de que estão a atrair predadores indesejados para as águas ao redor de Bogoslof, como baleias assassinas.
Além disso, as alterações climáticas podem acabar com esta nova casa de uma só vez. “Algumas grandes tempestades podem remover grande parte da ilha”, disse Waythomas. “Não sabemos quanto tempo vai ficar assim.”