O fim do ano também representa a reta final para os vestibulares. Se o momento comumente já era rodeado de medos e angústias, com o novo coronavírus o sentimento de ansiedade cresce ainda mais. Mas e quando essa condição começa a atrapalhar o desempenho?
Segundo a fisiologista Debora Garcia, a ansiedade nos estudos tem uma relação positiva até determinado ponto. A curva que mede esse vínculo é representada em um “U” invertido. “Quando essa seta está subindo e chegando no ponto máximo desse ‘u’ invertido, o sentimento de ansiedade é positivo, pois irá fazer com que o estudante se sinta preocupado com resultado e busque mecanismos para se motivar e potencializar os objetivos”, aponta.
Se essa ansiedade inicial não acontece, o estudante pode ficar relaxado ao ponto de não estudar ou não buscar informações para ter um desempenho melhor. Porém, quando esse sentimento começa a atingir grandes níveis, é quando a curva em ‘u’ começa a descer. “É quando o estudante passa a ter o objetivo prejudicado, já que não consegue administrar a ansiedade, o que compromete sua concentração”.
Praticar o relaxamento
Para minimizar esses efeitos, diversas ferramentas podem ser utilizadas segundo Debora Garcia. Uma delas é a prática meditativa, que vai ajudar o indivíduo a aumentar a concentração, já que a ela ajuda a ativar as regiões atencionais do cérebro. “Isso vai ajudar tanto nos momentos de preparação quanto na prova em si, ao mesmo tempo que traz recursos emocionais para lidar com tudo que está acontecendo no mundo aqui fora e com esse momento tão importante e decisivo que é a prova do vestibular”, recomenda.
Débora lembra que a capacidade de aprendizado é vulnerável ao estresse porque o hipocampo — responsável por transformar o que é absorvido hoje para a memória de longo prazo — é diretamente afetado por essa condição.
“O cortisol que é um hormônio liberado quando a pessoa está sob grande tensão impede que essa região do cérebro crie novas células nervosas. Quando o estudante faz a meditação acontece o equilíbrio, já que a prática impulsiona a produção de um hormônio de efeito oposto, a melatonina, que traz um nível de relaxamento e foco”, aponta a fisiologista que alerta que o estresse pode ainda gerar o famoso apagão, quando o estudante tem dificuldade de lembrar do conteúdo estudado.
E não é preciso uma prática longa para que os efeitos sejam sentidos. Os benefícios começam mesmo quando o estudante começa a praticar hoje, por exemplo, e a prova é daqui um mês, garante a especialista em fisiologia.
“O ideal é começar com prática curta, com poucos minutos e inserindo isso na rotina. A primeira sensação que o estudante terá é a do bem-estar, o que vai influenciar uma ação fisiológica positiva. É importante lembrar que o que acontece no nosso corpo, tem a capacidade de mexer no nosso sistema nervoso central”, alerta.