Uma equipa de cientistas fez a medição mais precisa até agora do “número mágico” que molda o Universo: a constante de estrutura fina.
Investigadores conseguiram fazer a medição de uma das constantes mais importantes da Física: a constante de estrutura fina, que caracteriza a intensidade da força eletromagnética que atua sobre partículas carregadas, como eletrões e protões.
Segundo a Quanta Magazine, uma equipa do Laboratório Kastler Brossel, em Paris, conseguiu medi-la com uma precisão nunca antes alcançada, chegando a 11 algarismos significativos, mais três do que a estimativa anterior. O estudo com os resultados obtidos foi publicado no dia 2 de dezembro na Nature.
A constante é praticamente omnipresente na Física, já que está ligada à força eletromagnética. De acordo com Holger Mueller, físico da Universidade da Califórnia, “tudo o que vemos no mundo está relacionado com o eletromagnetismo ou com gravidade: e é por isso que a constante de estrutura fina é tão importante”.
O seu valor numérico é próximo à razão 1/137. O facto de ser um número tão pequeno significa que o eletromagnetismo é uma força relativamente fraca e, consequentemente, que os eletrões são capazes de “saltar” dos átomos e formar ligações químicas.
No entanto, se fosse ainda mais pequena, igual a 1/138 por exemplo, as estrelas não teriam sido capazes de formar átomos de carbono, e a vida não teria surgido – pelo menos como a conhecemos hoje.
Para medir a constante de estrutura fina, os cientistas desenvolveram uma experiência muito complexa, segundo a qual arrefeceram átomos de rubídio a temperaturas próximas do zero absoluto, inserindo-os no interior de uma câmara de vácuo.
A equipa decidiu então observar o seu comportamento durante a absorção de um fotão. A velocidade de “recuo” dos átomos de rubídio permitiu traçar o novo valor da constante de estrutura fina: 1/137,035999206.
“O resultado confirma as previsões teóricas do Modelo Padrão. É o acordo mais preciso entre teoria e experiências”, comentou Saïda Guellati-Khélifa, líder da equipa.