Restos arqueológicos recentemente descobertos podem ter pertencido ao mosteiro onde o primeiro Rei de Inglaterra foi coroado, há mais de mil anos.
De acordo com o Live Science, esta descoberta aconteceu durante uma escavação próxima à famosa Abadia de Bath, em Inglaterra. Os arqueólogos foram surpreendidos por duas estruturas apsidais, ou absides, debaixo do que outrora compunham os claustros da catedral do século XII, construída sobre depósitos romano-britânicos.
Os investigadores usaram, então, datação por radiocarbono no carvão encontrado no gesso de uma dessas absides, o que lhes permitiu perceber que este datava de 780-970 e 670-770, afirma a Wessex Archaeology.
Essa janela de tempo sugere que a abadia já fez parte do mosteiro anglo-saxão onde o primeiro Rei de Inglaterra — Edgar, o Pacífico — foi coroado, no ano de 973.
“Esta descoberta, juntamente com os trabalhos em pedra e os túmulos encontrados na Abadia, fornece evidências cada vez mais fortes de que encontrámos, de facto, parte do mosteiro anglo-saxão perdido de Bath”, afirma em comunicado Cai Mason, um dos responsáveis do projeto da Wessex Archaeology.
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Edgar, que já tinha sido coroado Rei da Mércia e da Nortúmbria, tornou-se Rei de Wessex e de toda a Inglaterra quando o seu irmão Eduíno morreu em 959. Segundo a mesma organização, o monarca escolheu Bath como o lugar sagrado para ser coroado, pois tinha uma igreja famosa e conexões com Wessex e Mércia.
No entanto, segundo a Wessex Archaeology, é também possível que estas estruturas sejam algo completamente diferente. “Dado que a data potencial destas estruturas se estende por cerca de 200 anos, existem vários contextos possíveis para a sua construção”, afirmou Bruce Eaton, gerente de projetos da organização.
“Uma possibilidade seria o reinado do Rei Ofa da Mércia, que adquiriu o mosteiro em 781 d.C. e foi creditado por Guilherme de Malmesbury por construir a famosa Igreja de São Pedro, provavelmente utilizando os suprimentos de pedra trabalhada do complexo de banhos romanos em colapso que se encontrava próximo”.
“Um extenso trabalho de construção dentro deste período foi ainda atestado pelo seu sucessor, Egfrido, com a infraestrutura instalada para realizar a corte no mosteiro em 796 d.C.”, acrescenta Eaton.
Os arqueólogos afirmam que há muito que se sabe que havia um mosteiro neste local, mas não havia nenhum vestígio do edifício acima do solo. “Por isso, é incrível que agora tenhamos um registo real e possamos ter uma noção do mesmo”, declara o cónego Guy Bridgewater.