Uma investigação recente sugere que as fezes dos aviões estão a espalhar a resistência aos antibióticos por todo o mundo. A resistência encontrada nos reservatórios dos aviões é maior do que nas ETAR.
Provavelmente nunca pensou no que acontece quando, depois de usar a casa de banho do avião, carrega no autoclismo. Inicialmente, as fezes vão para um reservatório no fundo das aeronaves. No fim da viagem, um pequeno camião esvazia os reservatórios e armazena-os numa área específica do aeroporto que está liga à rede de esgotos.
Um novo estudo sugere que estes resíduos atuam como combustível para espalhar a resistência aos antibióticos por todo o mundo. Para confirmarem a sua teoria, os cientistas analisaram reservatórios de cinco aviões diferentes de aeroportos alemães.
Os investigadores concluíram, através da sua análise, que estes reservatórios continham uma abundância e diversidade de micróbios resistentes a antibióticos. De acordo com o Tech Explorist, nem mesmo nas estações de tratamento de águas residuais próximas o cenário era tão grave.
“Este é um estudo vital. Lemos e pensamos: ‘Alguém deveria ter feito isto antes’”, disse a engenheira ambiental Amy Pruden, que não esteve envolvida na investigação. O estudo foi publicado em dezembro na revista científica Environmental Science & Technology.
Cerca de 90% das 187 estirpes de E. coli testadas eram resistentes a antibióticos. Os autores do estudo consideram os resultados assustadores.
“Os genes de resistência a antibióticos têm uma ‘habilidade particularmente assustadora’. Eles podem misturar-se no ADN de células bacterianas individuais e depois passar de uma bactéria para outra”, explicou o microbiólogo Carlos Amábile-Cuevas.