A NASA quer enviar astronautas para Marte em 2033. Mas o processo pode ter muitas complicações e uma delas é a duração da viagem que, sem a invenção de uma tecnologia que alcance velocidades relativistas, pode durar 200 dias.
A longa jornada envolve vários desafios, desde o espaço de vida até ao armazenamento de alimentos para a tripulação. Uma das propostas para superar esses obstáculos parece ficção científica, mas, de acordo com investigadores da Agência Espacial Europeia (ESA), não é tão louca como parece. E se os astronautas entrassem numa espécie de hibernação para atravessar a vastidão do espaço?
Apesar de parecer uma ideia tirada de um filme, os cientistas da ESA avaliaram as vantagens que teria a hibernação humana para uma viagem ao planeta vizinho e queriam saber a forma como a hibernação poderia influenciar o design da missão. Para isso, usaram como referência uma missão hipotética de enviar seis humanos para Marte e regressar num prazo de cinco anos.
“Trabalhámos para ajustar a arquitetura da nave espacial, a sua logística, proteção contra a radiação, consumo de energia e desenho geral da missão”, disse Robin Biesbroek, da ESA, em comunicado.
O estudo, que foi publicado em setembro na revista especializada Handbook of Life Support Systems for Spacecraft and Extraterrestrial Habitats, concluiu que a massa da nave espacial poderia ser reduzida num terço ao eliminar os quartos da tripulação, com uma redução semelhante nos consumíveis, equivalente a várias toneladas de massa economizada.
A hibernação ocorreria em pequenas cápsulas individuais que funcionariam como cabines enquanto a tripulação estivesse acordada. Em teoria, a “sonolência” da hibernação seria alcançada através da administração de um medicamento.
Como os animais que hibernam, espera-se que os astronautas adquiram mais gordura corporal antes da sonolência. As suas cápsulas de casca mole escureceriam e a sua temperatura seria bastante reduzida para arrefecer os seus ocupantes durante a viagem de 180 dias entre a Terra e Marte.
A fase da hibernação terminaria com um período de recuperação de 21 dias, embora, de acordo com a experiência da hibernação animal, a expetativa fosse de que a tripulação não experimentasse perda de ossos ou músculos.
Com toda a tripulação incapacitada por longos períodos de tempo, a missão deve ser projetada para operações amplamente autónomas, com ótimo uso de inteligência artificial e deteção de falhas, isolamento e recuperação para manter um nível mínimo de desempenho do sistema até que a tripulação acorde.