Uma equipa de investigadores sugere que pessoas religiosas tendem a ser menos inteligentes do que pessoas sem crenças religiosas. O estudo tem gerado uma grande controvérsia.
A religião é um tema forte, capaz de juntar ou dividir as pessoas. Nem todos são crentes e partilham a fé num ser poderoso que nos vigia, já outros devotam a sua vida a servir o seu salvador. Algumas razões pelas quais as pessoas se tornam religiosas são de natureza sociocultural, mas outras — acreditam os cientistas — têm a ver com a inteligência.
Uma equipa de investigadores fez a metanálise de 83 estudos diferentes e encontrou uma relação negativa “muito forte” entre a inteligência e a religiosidade. Os resultados do estudo foram publicados em outubro na revista científica Personality and Social Psychology Bulletin.
“A religiosidade é um fenómeno generalizado. A sua influência pode ser sentida em todas as esferas da vida. No entanto, uma parcela considerável da população define-se como ateu. Porque é que algumas pessoas decidem não ser religiosas? Eu pensei que era uma pergunta importante e fascinante“, denotou o autor do estudo, Miron Zuckerman.
Trocado por miúdos, o que os investigadores sugerem é que, em média, as pessoas religiosas tendem a ser menos inteligentes do que as pessoas não-religiosas. Os dados trabalhados pelos cientistas eram relativos a mais de 110 mil voluntários.
Como seria de esperar, este estudo rapidamente gerou controvérsia: “os comentários dos media variaram entre expressões de surpresa e curiosidade a ceticismo ou até mesmo desdém sobre o que os testes de inteligência realmente medem”, realçaram os investigadores no estudo.
Segundo o PsyPost, esta não é a primeira vez que Zuckerman e os seus colegas encontram uma associação negativa entre estes dois parâmetros. Anteriormente, já tinham feito a metanálise de 63 estudos e, desta vez, decidiram subir a parada. Recorrendo a um maior número de estudos, os cientistas conseguiram validar a sua teoria que já tinha sido sugerida na metanálise anterior.
“A evidência de que existe uma relação negativa entre inteligência e religiosidade é muito forte”, disse Zuckerman ao PsyPost. “Mas o tamanho do efeito da relação é pequeno. Isto significa que existem outros fatores além da inteligência que explicam por que as pessoas são ou não religiosas”.
Dito isto, o próprio autor do estudo explica que só porque as pessoas inteligentes tendem a ser menos religiosas, não quer dizer que todos aqueles que são religiosos sejam menos inteligentes do que as outras pessoas. Além disso, uma grande parte dos estudos foram feitos nos Estados Unidos, ficando pouco claro se este princípio é válido noutras religiões e países.
Além disso, uma pessoa que seja mais analítica e menos intuitiva tende a ser mais inteligente e menos religiosa. “Embora apresentemos razões para a relação negativa, a evidência empírica para esta explicação não é definitiva”, ressalvou Zuckerman.