Os casos de uma doença rara que corrói o cérebro têm aumentado no Japão. Os cientistas defendem que a tendência poderá, em breve, tornar-se um problema em muitas outras partes do mundo.
Uma equipa de cientistas japoneses reportou, num recente estudo publicado no Scientific Reports, um aumento de casos da doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD), uma condição cerebral degenerativa que leva a demência e morte.
No período de 2005 a 2014, a taxa anual de crescimento da doença foi de cerca de 6,4%. A condição é causada por um prião, uma proteína infecciosa capaz de corromper e modificar proteínas comuns. Ao contrário dos vírus, esta proteína não possui ADN ou ARN (ácido ribonucleico).
Silenciosas, estas proteínas destroem o cérebro de dentro para fora, transformando-o numa “esponja” cheia de buracos. Os priões deformados podem tornar-se infecciosos e espalhar-se entre seres humanos e animais.
A doença pode ser contraída ao consumir tecido cerebral de um indivíduo ou animal infetado.
De acordo com o IFL Science, a doença rara causa sintomas como problemas de memória, mudanças de comportamento, problemas visuais, depressão, falta de coordenação motora e pode até ser letal.
“Apesar de ser uma doença rara, o fenómeno do envelhecimento da população pode desencadear um aumento na sua incidência e, portanto, no ónus socioeconómico e de saúde da doença de Creutzfeldt-Jakob”, defendem os cientistas, salientando que, em 2030, um em cada três japoneses terá 65 anos ou mais.
“O nosso objetivo foi analisar as tendências, num esforço para espalhar a consciência e estimular novas estratégias de tratamento. A doença de Creutzfeldt-Jakob, embora rara, será mais prevalente nos próximos 5 a 10 anos“, disse Yoshito Nishimura, autor do estudo, em comunicado.
O investigador explicou ainda que, “ao contrário de outros tipos de demência, que progridem de forma relativamente lenta, os pacientes com esta condição sofrem de uma forma que avança rapidamente“. “É urgente encontrar estratégias eficazes para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir a sobrecarga dos cuidadores.”