Apesar de agora parecer apenas uma série de pregos bem organizados e alguns fragmentos de madeira apodrecida, um navio viking desenterrado por arqueólogos na Noruega pode ter sido o sepultamento de um rei, rainha ou poderoso senhor.
De acordo com a BBC, o navio tinha 19 metros de comprimento e 5 de largura. A embarcação foi encontrada num local chamado Gjellestad, a sudeste de Oslo e data por volta de 750-850, segundo o arqueólogo Knut Paasche, do Instituto Norueguês para Pesquisa do Património Cultural.
“Ainda não sabemos se este era um barco a remo ou a vela. Outros, como os navios Gokstad e Tune, combinavam remo e vela”, disse Paasche, referindo-se a dois navios vikings do século IX também encontrados na Noruega.
Segundo o arqueólogo, a quilha do navio recém-descoberto parece diferente de qualquer um dos outros navios viking.
O navio foi enterrado num túmulo que tinha sido arado de lavouras durante décadas. Localiza-se dentro de um grande complexo de pelo menos 20 túmulos e fica a apenas um campo de futebol de distância do Jell Mound, o segundo maior túmulo da Noruega. Jell Mound data de entre 400 e 500.
“O navio relaciona-se claramente com as sepulturas mais antigas e especialmente com o grande Jell Mound – é claro que os vikings queriam relacionar-se com o passado”, disse o líder da escavação Christian Rodsrud.
Escavações arqueológicas de Jell Mound e arredores começaram em 2017 após o proprietário do terreno ter pedido para abrir valas de drenagem nas proximidades. Os arqueólogos usaram dicas do proprietário de terras e do radar de penetração no solo para identificar áreas a escavar a partir de 2019.
Além do navio fúnebre, também há sinais de pelo menos quatro casas ou fundações de edifícios e vários locais de sepultamento em forma de anel.
O monte que continha o navio foi saqueado, talvez por rivais da família dos nobres ali enterrados. Profanar a sepultura poderia ter sido um ato político, de acordo com um artigo publicado em novembro na revista científica Antiquity em novembro de 2020.
Nenhum osso humano foi descoberto ao lado do navio, embora os arqueólogos tenham descoberto os ossos de um cavalo ou de um touro. Quaisquer outros artefactos foram removidos por saqueadores.
Os navios fúnebres eram “a expressão máxima de estatuto, riqueza e ligação na Escandinávia da Idade do Ferro”, escreveram Paasche e o seu colega.
A pessoa enterrada com o navio pode ter sido um rei, rainha ou um nobre guerreiro chamado conde.
Os arqueólogos esperam concluir a escavação do navio este mês. A disposição dos pregos e sobras da quilha pode permitir que construam uma réplica no futuro.