Render of Najash by Raúl O. Gómez, Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina
As cobras evoluíram com patas durante 70 milhões de anos, concluiu uma nova investigação conduzida por cientistas da Austrália que analisaram novos restos fósseis de uma antiga cobra com extremidades.
Najash, a espécie que deu mote à investigação, não só esclarece como é que evoluíram as “patas” destes animais ao longo do tempo, como também traz detalhes sobre como evoluiu o crânio flexível das cobras evoluiu a partir dos seus ancestrais lagartos.
Tal como escreve a agência Europa Press, a evolução do corpo das cobras sempre cativou os cientistas, representando um dos casos mais consistentes da capacidade do corpo vertebrado se adaptar ao longo do tempo. Contudo, o registo fóssil limitado obscureceu o momento inicial da evolução destes animais.
Para a investigação, a equipa de cientistas fez um scanner de alta resolução e microscopia de luz aos crânios preservados de Najash para tentar encontrar novos dados evolutivos sobre a evolução inicial das cobras.
“O que realmente distingue as cobras é o seu crânio altamente móvel, que lhes permite engolir grandes presas. Há muito tempo que não temos informações detalhadas sobre a transição do crânio relativamente rígido do lagarto para o crânio super flexível da cobra”, disse Alessandro Palci, da Universidade de Flinders, que participou na investigação.
“Najash tem o crânio mais completo e tridimensionalmente mais preservado do que qualquer outra cobra antiga e isso fornece uma quantidade surpreendente de novas informações sobre como a cabeça das cobras evoluiu”.
Este espécie de cobra antiga “tem algumas, mas nem todas as articulações flexíveis agora encontradas no crânio das cobras modernas. O seu ouvido médio é intermediário entre o dos lagartos e das cobras atuais. Ao contrário da cobras vivas, esta tem uma maçã do rosto bem desenvolvida, o que lembra normalmente os lagartos“.
“Najash mostra como é que as cobras evoluíram a partir dos lagartos em etapas evolutivas incrementais, tal como Darwin previu”, disse, por sua vez, Mike Lee, professor na universidade australiana e cientista do Museu da Austrália do Sul.
A nova árvore genealógica das cobras revela também que as cobras possuíam patas traseiras pequenas, mas perfeitamente formadas, durante os primeiros 70 milhões de anos do seu processo de evolução, nota ainda a investigação, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica Science Advances.
“Estas cobras primitivas com pernas pequenas não eram apenas um estágio evolutivo e temporário no caminho para algo melhor. Em vez disso, tinham um plano corporal muito bem-sucedido que persistiu por muitos milhões de anos e se diversificou numa variedade de espécies terrestres e aquáticas”, concluiu Lee.