Uma equipa de arqueólogos revelou as condições horríveis de um campo de concentração nazi em Alderney, a ilha britânica mais setentrional do Canal da Mancha, onde estavam prisioneiros políticos e trabalhadores forçados durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante este conflito mundial, as tropas nazis ocuparam as ilhas britânicas do Canal da Mancha e construíram, em Alderney, uma série de campos de trabalho e concentração. No entanto, desde o fim da guerra, pouca atenção foi dada a estes espaços, procurando perceber de que maneira funcionavam e em que condições.
Foi com este intuito que uma equipa de arqueólogos decidiu descobrir isto com mais detalhe. Num estudo publicado esta semana na revista científica Antiquity, os especialistas revelam as condições vividas ao longo do tempo em Sylt, um dos dois campos de concentração da ilha.
Segundo o Gizmodo, o Governo britânico sempre se esforçou para tentar apagar qualquer tipo de ligação entre a ilha e os nazis. Enquanto os alemães fizeram um bom trabalho ao apagar o seu rasto quanto deixaram a ilha em 1944, os britânicos apenas revelaram publicamente um relatório sobre os campos de concentração em 1981.
Os autores do artigo escrevem que este estudo traz “novas perspetivas sobre as relações entre a arquitetura e as experiências daqueles que estavam alojados lá”. Muitos deles foram amontoados em locais apertados e privados das suas necessidades básicas.
Cerca de 20% dos prisioneiros morreram nos primeiros quatro meses após a chegada ao campo, segundo os investigadores. Ainda assim, a população de Sylt cresceu com o tempo, com cada vez mais prisioneiros a chegarem. Se em 1942 eram apenas algumas centenas, um ano depois já eram mais de mil. Além disso, o campo também triplicou de tamanho nesse mesmo espaço de tempo.
Mesmo em 1943, com o aumento de prisioneiros no campo de concentração, as obras de alargamento ainda não tinham sido concluídas. Isto levou a que várias pessoas tivessem de dormir ao relento durante dois meses.
Mesmo no fim da sua construção, as condições eram deploráveis. As casernas tinham 28 metros de comprimento e oito metros de largura, mas um espaço destes albergava cerca de 150 prisioneiros. Assim sendo, cada prisioneiro tinha direito a apenas 1,49 metros quadrados de espaço.
Na análise arqueológica não-invasiva ao espaço, os investigadores encontraram um misterioso túnel, que desconhecem qual seria o seu propósito. Os especialistas sugerem que possa ter servido de abrigo antiaéreo, um ponto de acesso rápido ou um “espaço através do qual as mulheres poderiam ser levadas para um bordel dentro da casa”.
“Relatos de testemunhas descrevem que as condições nas casernas, juntamente com o fornecimento inadequado de materiais para dormir [como por exemplo cobertores de palha], ofereceram um terreno fértil para os piolhos“, começam por escrever os arqueólogos.
“Durante o comando das SS de Sylt, um surto de tifo, espalhado por piolhos e más condições sanitárias, matou entre 30 e 200 prisioneiros. O bloco da casa de banho era igualmente pequeno e básico. A enfermaria, localizada na parte traseira do campo e operada pelos prisioneiros, era um simples edifício de madeira. Por outro lado, os estábulos para os cavalos da SS foram bem construídos, com fundações e uma calha de betão, sobrevivendo em boas condições”, acrescentam.