Um estudo revelou que os Vikings afinal não eram loiros nem provenientes da Escandinávia. O estudo, realizado através da análise de ADN, conclui ainda que indivíduos que não eram vikings foram enterrados como tal.
Normalmente, a cultura popular retrata os vikings como guerreiros ferozes com capacetes com chifres, e mestres da infame arte de piratear. Supostamente oriundos da Escandinávia, são muitos os que acreditam que se assemelham à imagem atual dos escandinavos, ou seja, pensa-se que tinham cabelo loiro e olhos azuis.
Os investigadores analisaram material genético extraído de restos humanos, que revelou que muitos vikings não eram loiros e muito menos escandinavos. Na verdade, muitos deles tinham ADN de pessoas do sul da Europa e da Ásia, por isso é normal que eles tivessem cabelo e olhos castanhos.
Segundo o ABC, o estudo, publicado na revista Nature no dia 16 de setembro, concluiu ainda que foram descobertos casos em que pessoas que não eram vikings tinham sido enterradas como tal.
Eske Willerslev, um dos autores do estudo, explicou que existe a ideia de que “os vikings se misturaram, fizeram trocas e formaram gangs para piratear e lutar contra os reis da Europa”, contudo, graças às amostras de ADN analisadas, o estudo explica que “o mundo deles não era assim.”
A Era dos Vikings ocorreu entre os anos 800 e 1050, momento em que estes marinheiros ganharam o apelido pelo qual passaram a ser conhecidos, passando até a ser aclamados em toda a Europa pela sua influência política. A sua ousadia e habilidade levaram-os a dominar a atual Inglaterra, Dinamarca e Noruega e a pisar solo americano 500 anos antes da viagem de Cristóvão Colombo.
Mas a grande questão é: quem realmente eram os protagonistas desta história? “Até agora não sabíamos como é que eles eram geneticamente”, disse Willerslev. No entanto, graças ao estudo dos genes dos indivíduos, incluindo homens, mulheres e bebés, os cientistas conseguiram traçar um perfil geral.
Os investigadores perceberam que algumas populações viking estavam mais isoladas do que outras e descobriram que, durante os seus dias de esplendor, os vikings da atual Noruega foram para a Irlanda, Escócia, Islândia e Gronelândia, enquanto os da atual Dinamarca foram para Inglaterra. Os vikings da atual Suécia estenderam ainda os seus ataques piratas por países bálticos.
Para além destas evidências, os restos de um navio funerário encontrado na Estónia – no qual foram descobertos quatro irmãos mortos no mesmo dia – levaram os cientistas a descobrir que um ataque poderia incluir não só habitantes da mesma cidade, mas também membros da mesma família.
“O nosso estudo desmente a imagem moderna dos vikings como pessoas loiras com olhos azuis, e mostra que muitos deles tinham cabelo castanho e foram influenciados pela genética de outros sítios fora da Escandinávia”, resumiu Eske Willerslev.
Os investigadores destacaram que a identidade Viking “não se limitava a pessoas de ascendência genética escandinava”, afirma Søren Sindbæk, co-autor da pesquisa. Para Fernando Racimo, outro dos cientistas, graças a este artigo é possível “começar perceber a aparência física dos antigos vikings” e desvendar o fluxo da seleção natural nesta população, em relação a traços como imunidade, pigmentação ou metabolismo.
Na opinião de Ashot Margaryan, autor principal do estudo, esta análise permitiu obter alguns resultados “surpreendentes” e “responder a velhas perguntas, refutando suposições anteriores para as quais não havia muitas evidências”.
“Este estudo muda toda a perceção de quem realmente eram os vikings”, disse Eske Willerslev, que defende que agora é necessário “atualizar os livros de história”.
Durante a pesquisa, os cientistas extraíram ADN de ossos e dentes de 440 indivíduos enterrados na Gronelândia, Ucrânia, Reino Unido, Escandinávia, Polónia e Rússia.