Embora tenham excelentes capacidades auditivas, os cães têm um vocabulário limitado e não têm capacidade cerebral para processar detalhes fonéticos, revela novo estudo.
Ao contrário do que muitos pensam, os cães podem aprender a reconhecer apenas um número limitado de palavras, sugere um estudo do Departamento de Etnologia da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria.
Segundo o estudo, publicado na revista científica The Royal Society Open Science em dezembro, apesar de terem capacidades “notáveis de cognição social e comunicação” e de possuírem habilidades auditivas semelhantes às humanas para analisar sons da fala, os cães têm dificuldades de processar detalhes fonéticos.
“Os cães podem não conseguir captar todos os detalhes da fala quando escutam palavras”, refere Attilla Andics, um dos autores do estudo.
Para chegar a essa conclusão, os investigadores mediram a atividade cerebral de 17 cães através de uma eletroencefalografia (EEG) – na qual eletrodos foram colocados na cabeça dos animais. Durante a pesquisa, os cães ouviram palavras de instrução familiares e outras sem nenhum sentido, ou seja, foneticamente semelhantes ou sem semelhança alguma.
Os cientistas selecionaram quatro palavras de duas sílabas que são mais comuns entre os donos de cães da Hungria. Depois criaram variantes sem sentido, mas foneticamente semelhantes trocando a primeira vogal das palavras utilizadas. Já as palavras sem nenhuma semelhança fonética foram criadas a partir da mistura dos sons das quatro instruções, diz o Deutsche Welle.
A eletroencefalografia mostrou que os animais conseguem distinguir rapidamente palavras sem sentido quando elas eram muito diferentes. Contudo, quando estas são foneticamente semelhantes parece não ocorrer essa distinção, o que sugere que os cães podem ter “uma capacidade limitada de processamento de palavras”.
A equipa acredita que os cães têm uma capacidade de processamento de palavras semelhantes à de bebés, sobretudo no estágio inicial de desenvolvimento desta capacidade, ou seja, quando têm menos de 14 meses e ainda não conseguem dissociar palavras foneticamente semelhantes e nem reconhecer sons sem sentido, mas com fonética parecida à de palavras conhecidas.
“O estudo revelou não apenas a sensibilidade dos cães para reconhecer palavras, mas também a sua capacidade limitada de acessar detalhes fonéticos“, afirmam os investigadores.
Os especialistas concluem que são necessários mais estudos sobre esta teoria, para confirmar essa capacidade limitada que poderia ser um do motivos “que incapacita os cães de adquirir um vocabulário considerável”, pode ler-se no estudo.